O processo criativo de Alcides surge de forma orgânica e pode durar horas ou meses, desde a seleção de elementos da narrativa visual à edição da capa. “Quando a banda me procura, na maioria das vezes diz: ‘fica livre para criar, tá aqui o nome do disco e a letra da música’. Então eu tenho todo um processo de pensar os elementos e criar uma narrativa que abarque aquele trabalho como um todo. A capa é muito importante nesse sentido, porque ajuda a vender o produto. Às vezes, as pessoas compram o disco porque gostaram da capa”. Muito do processo passa pelas interpretações do próprio artista, tanto de suas abstrações como dos elementos das letras que se tornam imagens.

Para Wilfred Gadêlha, jornalista e escritor do livro Pesado: Origem e consolidação do metal em Pernambuco, as capas do gênero passaram por uma evolução muito ligada ao avanço tecnológico. “Logo de início, tinha uma tradição de fotografias como capa. Depois houve a consolidação do heavy metal como afeito ao oculto, e o desenho facilitou a representação dessas figuras. Nessa época tivemos a figura importantíssima de Derek Riggs, que foi um divisor de águas, criou muitas capas do Iron Maiden.”

No fim dos anos 1990, a manipulação digital tornou as capas mais diversas. Cada subgênero apresenta suas referências e códigos específicos, como a mitologia no folk metal ou a ameaça nuclear do death metal oitentista.