Forte presença do protagonismo feminino em cena

Publicação: 23/03/2020 08:00

Quem cresceu no ocidente provavelmente tem como principal referência de representação feminina as princesas da Disney - e mesmo que não seja eu quem decida, posso garantir que não há mal nisso. Contudo, a forte presença do protagonismo do feminino nos estúdios Ghibli abarca outros tipos de representações, que só apareceram nas produções Disney a partir de trabalhos como Mulan (1998), Frozen (2013) e Moana (2016). Em 1984, a protagonista da primeira animação do Ghibli foi a princesa Nausicaä, que já aparecia como uma heroína extremamente humana, forte, inteligente, sempre acreditando em seus sonhos e seu coração.

Já em A Princesa Mononoke (1997), somos apresentados a San, uma guerreira feroz, que ainda assim apresenta a complexidade de não ser autossuficiente e que é descrita nas palavras do cineasta Hayao Miyazaki como alguém que “precisa de um amigo ou um apoiador, mas nunca de um salvador”. Outra representação diversa e instigante é Chihiro. A garotinha tem um desenvolvimento e aprofundamento feito de forma muito sofisticada, ao mesmo tempo que sutil, com uma personagem errática, que por vezes é forte, noutros momentos é frágil, tensionando qualquer visão preestabelecida do que é amadurecer.

DEU A CARA

Um dos nomes principais da casa criativa Studio Ghibli é justamente Hayao Miyazaki. Um dos membros fundadores do estúdio, ele ajudou a “dar a cara” das animações, escrevendo e dirigindo filmes pautados no pacifismo e tensionando os universos da natureza (tradição) e tecnologia (modernidade). Miyazaki também costuma trabalhar com muitas personagens femininas, que surpreendem por sua diversidade de personalidade. Na sua filmografia estão clássicos como O castelo no céu (1986), Meu vizinho Totoro ou Meu amigo Totoro (1988), A viagem de Chihiro (2001) e Vidas ao vento (2013).