O produtor que abriu portas
Morreu ontem, aos 71 anos, o produtor musical e jurado de TV Arnaldo Saccomani, responsável por apostar em talentos e alavancar carreiras de artistas da vanguarda ao popular, de Tim Maia a Os Travessos
Publicação: 28/08/2020 03:00
O produtor musical, compositor, instrumentista e jurado de programas de TV Arnaldo Saccomani morreu na madrugada de ontem, aos 71 anos, em Indaiatuba, São Paulo. Ele estava em casa acompanhado da família. Saccomani tinha insuficiência renal e diabetes e realizava sessões de hemodiálise desde julho de 2019. O corpo foi sepultado no Cemitério Memorial Parque Paulista, em Embu das Artes. Protagonista de uma trajetória profissional de quase 60 anos no mercado da música, ele ajudou a construir o sucesso de artistas como Tim Maia, Rita Lee, Ronnie Von, Fábio Jr. e, mais recentemente, Larissa Manoela. Foi também empresário de Tiririca, que encontrou por meio de uma fita pirata levada por um sócio, nos tempos de Florentina.
Antes da popularidade como o jurado exigente e mal-humorado de programas musicais como Astros, Ídolos e Qual é o seu talento?, Saccomani teve papel fundamental em segmentos como rock, psicodelia e até pagode romântico. Entre os seus principais trabalhos estão a produção do álbum de Tim Maia, com clássicos como Primavera e Azul da cor do mar, e o disco A divina comédia ou ando meio desligado, dos Mutantes, ambos do ano de 1970. O último trabalho do grupo com Rita Lee, Mutantes e seus Cometas no país do baurets (1972), também teve assinatura de Saccomani.
Ele também ajudou a produzir álbuns que rapidamente se esgotavam nas lojas, como o da boy band Dominó, de 1992, e o das novelas Chiquititas e Carrossel. Apesar de pouco reconhecido, teve participação importante na criação do grupo Mamonas Assassinas, pois foi ele quem negociou a contratação dos artistas pela gravadora EMI.
Como compositor, ele escreveu sucessos de diversos grupos. Inclusive, junto com a filha, Thaís Nascimento, Saccomani se tornou um dos maiores arrecadadores de direitos autorais do Brasil. É dele hits do pagode romântico da década de 1990, como Tô te filmando (Sorria), do grupo Os Travessos, e várias outras canções “chicletes” de bandas como Sampa Crew, Sorriso Maroto, Pixote, Negritude Junior, Raça Negra e Belo. Também forneceu repertório para álbuns de artistas como Angélica, Mara Maravilha, Maurício Mattar, Fat Family, Pepê & Neném, Perlla, Rosemary e Tânia Mara.
Até o início deste ano Saccomani atuou como diretor musical de novelas do SBT, um ofício que já havia exercido na TV Tupi, fazendo as trilhas sonoras de novelas como Mulheres de areia e Beto Rockefeller.
“PERDI MEU IRMÃO”
Uma das mais notáveis parcerias de Saccomani foi com Ronnie Von, que durou 54 anos. O produtor ajudou o cantor a fazer discos tropicalistas e psicodélicos no fim dos anos 1960. “Eu ia fazer 22 anos, ele ia fazer 17. Aí começou a nossa fraternidade. Perdi meu irmão hoje, não sei nem se tenho força para falar, é muito difícil para mim”, disse Ronnie Von, emocionado, em vídeo-depoimento divulgado ontem. “Arnaldo era meu brother, meu parceiro, fizemos tantas músicas juntos. Ele produziu praticamente 20 discos meus.”
O produtor musical Rick Bonadio contou, logo após saber da morte, que Saccomani foi quem ofereceu as primeiras oportunidades para sua carreira na música. “Foi um dos maiores produtores musicais desse país, se não o maior”, disse Bonadio. “Talentoso, carismático e o rei dos comentários inesperados, mas profundamente pertinentes.”
Antes da popularidade como o jurado exigente e mal-humorado de programas musicais como Astros, Ídolos e Qual é o seu talento?, Saccomani teve papel fundamental em segmentos como rock, psicodelia e até pagode romântico. Entre os seus principais trabalhos estão a produção do álbum de Tim Maia, com clássicos como Primavera e Azul da cor do mar, e o disco A divina comédia ou ando meio desligado, dos Mutantes, ambos do ano de 1970. O último trabalho do grupo com Rita Lee, Mutantes e seus Cometas no país do baurets (1972), também teve assinatura de Saccomani.
Ele também ajudou a produzir álbuns que rapidamente se esgotavam nas lojas, como o da boy band Dominó, de 1992, e o das novelas Chiquititas e Carrossel. Apesar de pouco reconhecido, teve participação importante na criação do grupo Mamonas Assassinas, pois foi ele quem negociou a contratação dos artistas pela gravadora EMI.
Como compositor, ele escreveu sucessos de diversos grupos. Inclusive, junto com a filha, Thaís Nascimento, Saccomani se tornou um dos maiores arrecadadores de direitos autorais do Brasil. É dele hits do pagode romântico da década de 1990, como Tô te filmando (Sorria), do grupo Os Travessos, e várias outras canções “chicletes” de bandas como Sampa Crew, Sorriso Maroto, Pixote, Negritude Junior, Raça Negra e Belo. Também forneceu repertório para álbuns de artistas como Angélica, Mara Maravilha, Maurício Mattar, Fat Family, Pepê & Neném, Perlla, Rosemary e Tânia Mara.
Até o início deste ano Saccomani atuou como diretor musical de novelas do SBT, um ofício que já havia exercido na TV Tupi, fazendo as trilhas sonoras de novelas como Mulheres de areia e Beto Rockefeller.
“PERDI MEU IRMÃO”
Uma das mais notáveis parcerias de Saccomani foi com Ronnie Von, que durou 54 anos. O produtor ajudou o cantor a fazer discos tropicalistas e psicodélicos no fim dos anos 1960. “Eu ia fazer 22 anos, ele ia fazer 17. Aí começou a nossa fraternidade. Perdi meu irmão hoje, não sei nem se tenho força para falar, é muito difícil para mim”, disse Ronnie Von, emocionado, em vídeo-depoimento divulgado ontem. “Arnaldo era meu brother, meu parceiro, fizemos tantas músicas juntos. Ele produziu praticamente 20 discos meus.”
O produtor musical Rick Bonadio contou, logo após saber da morte, que Saccomani foi quem ofereceu as primeiras oportunidades para sua carreira na música. “Foi um dos maiores produtores musicais desse país, se não o maior”, disse Bonadio. “Talentoso, carismático e o rei dos comentários inesperados, mas profundamente pertinentes.”