A glória depois da vida Após ler 60 livros em um ano, Aluízio Falcão lança perfis de 15 personalidades que só foram reconhecidas plenamente de forma póstuma

Publicação: 14/05/2021 03:00

Após mergulhar em personalidades do estado no livro Pernambucanos imortais e mortais - Trinta perfis e outras palavras (Cepe, 2018), o jornalista, escritor e crítico Aluízio Falcão, que foi repórter do Diario entre 1956 e 1961, debruçou-se novamente sobre biografias, com enfoque em figuras nacionais e globais que passaram a vida anônimas ou incompreendidas.

Memorial de grandes ausências, publicado também pela Cepe, terá lançamento virtual hoje, às 19h, no canal da editora no YouTube (youtube.com/cepeoficial). Além do autor, participam da live Antônio Torres, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, e o escritor e jornalista Homero Fonseca, que será o mediador do bate-papo.

A ideia surgiu quando o autor assistiu a um filme sobre o pintor impressionista holandês Vincent Van Gogh (1853-1890), que durante a vida vendeu um único quadro, mas foi aclamado postumamente em todo o mundo. Em uma das cenas, um padre afirmou para o pintor que seus quadros jamais seriam vendidos por serem “absurdos e de má qualidade artística.”

“Ele respondeu que as ideias de Cristo somente foram reconhecidas 40 anos depois de sua morte. Saí do cinema com esta frase na cabeça: Glória depois da vida”, diz Aluízio. “Chegando em casa, comecei a fazer uma lista com muito mais que 15 personagens. Fui ajustando até chegar ao volume planejado para um novo livro.”

Em 290 páginas, Falcão perfilou os poetas Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa e Paulo Leminski; os escritores Lima Barreto e Franz Kafka; o padre poeta Daniel Lima; a cangaceira Maria Bonita, as militantes comunistas Olga Benário e Iara Iavelberg; os pintores Van Gogh e Amedeo Modigliani; a escritora Hilda Hilst; o cientista Oswaldo Cruz; o diplomata Sérgio Vieira de Mello e o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela. De acordo com o autor, cada perfil exigiu a leitura de, no mínimo, três livros. Foram 60 livros em um ano.

O prefácio do jornalista e escritor Fernando Portela descreve os biografados “como anônimos, malditos e quase malditos das épocas em que viveram.” A presença de alguns nomes certamente pode causar estranhamento no leitor, como Nelson Mandela. Aluízio explica que, na verdade, quebrou a lógica por considerar o líder como alguém que veio ter a sua glória já no final da vida, após passar 27 anos na prisão.

Serviço


Lançamento de Memorial de grandes ausências, da Editora Cepe
Quando: hoje, às 19h,
Onde: canal da Cepe no YouTube (youtube.com/cepeoficial)
Valor do livro: R$ 45 (impresso) e e-book (R$ 18)