Filme dos Mamonas tem roteiro ingênuo Longa, que estreou ontem, mostra o surgimento e o sucesso meteórico da banda, sem abordar o desastre aéreo que matou o quinteto

Publicação: 29/12/2023 03:00

Em 2 de março de 1996, um acidente aéreo matou os cinco integrantes do grupo Mamonas Assassinas, que tinham entre 22 e 28 anos. Acabava ali a história de Dinho, Bento, Júlio, Sérgio e Samuel – que, em oito meses de banda, fizeram shows em todo o país, menos no Acre e Tocantins, e venderam 3 milhões de cópias de seu único disco – e começava outra.

Vinte e sete anos após a tragédia que deu fim à banda, os Mamonas já ganharam dois documentários, seis livros (o primeiro deles publicado um mês e meio após a morte dos músicos), um musical, três álbuns, três coletâneas, um disco-tributo, três especiais de TV. Era uma questão só de oportunidade que sua trajetória ganhasse uma cinebiografia, que se concretizou por meio de “Mamonas Assassinas – O filme”, que estreou ontem, em todo o país.

Quem for ao cinema já tem, obviamente, uma ideia formada sobre a história dos Mamonas. O público sairá da sala sem nada de novo. Primeiro longa do diretor de novelas Edson Spinello (“Malhação”, na Globo, “Rei Davi”, na Record), o filme acompanha a trajetória do grupo desde sua formação, como Utopia, até o último voo (a tragédia e a forma como foi explorada não estão em cena).

É tudo tratado com rapidez e sem nuance, numa briga contra o relógio, já que a trajetória da banda é comprimida em uma hora e meia. O formato é quase de novela, com edição rápida, em que nenhum assunto é aprofundado e algumas questões ficam no ar. Mas está quase tudo ali: a vida apertada em Guarulhos antes da banda, a relação com as respectivas famílias, as groupies, a descoberta do sucesso.

Ainda que com roteiro (de Carlos Lombardi, veterano da TV) e direção tatibitate, o longa chama a atenção pelo elenco. Os cinco atores chamam a atenção não só pela aparência, mas pela mimetização dos Mamonas.

O grande destaque é Ruy Brissac, que incorpora Dinho à perfeição. Sobrinho do guitarrista Bento Hinoto, Beto Hinoto interpreta o tio, que ele não chegou a conhecer. Rhener Freitas é o baterista Sérgio Reoli; Adriano Tunes o baixista Samuel Reoli; e Robson Lima o tecladista Júlio Rasec. (Estado de Minas)