A magia da voz & violão Banda O Teatro Mágico chega ao Recife em abril trazendo espetáculo intimista com interação da plateia e criador Fernando Anitelli discorre ao Viver sobre o surgimento do projeto

André Guerra

Publicação: 28/02/2024 03:00

O Teatro Barreto Junior receberá em 5 de abril um encontro intimista, cheio de música e interação com a plateia, promovido pelo cantor e compositor Fernando Anitelli, do grupo de sucesso O Teatro Mágico – projeto musical criado em 2003 e dono de algumas faixas icônicas que serão revisitadas no espetáculo, como ‘Pena’, ‘O anjo mais velho’, ‘Camarada d’água’ e ‘Nosso pequeno castelo’. Esse encontro, que ocorre a partir das 19h, vem de uma ideia já há alguns anos maturada pelo grupo, que vem percebendo uma demanda por esses momentos de maior proximidade com esses artistas responsáveis por obras que marcaram gerações contemporâneas.

Nomeando a apresentação de O Teatro Mágico Voz & Violão, Anitelli convida o público para uma oportunidade de ver de perto a execução de processo criativo que é resultado de um longo trabalho com a música e com as maneiras de fazer as artes. Em entrevista ao Viver, o cantor relembra o contexto cultural da formação da banda e conta um pouco sobre sua relação com Pernambuco.
 
Entrevista: Fernando Anitelli // cantor e compositor
 
Em que momento do país, e de São Paulo, surgiu O Teatro Mágico?
No final dos anos 1990, os saraus – de literatura, com música, performances – estavam virando uma verdadeira febre. E isso é muito interessante porque o sarau é um espaço em que a gente compartilha coisas artisticamente curiosas e variadas, que permitem várias criações. Isso abriu o leque criativo de muita gente, inclusive eu. Para mim, foi um despertar. Em paralelo, comecei a fazer teatro na Oficina dos Menestreis, onde tive a oportunidade de troca incrível com Oswaldo Montenegro, que fazia a direção. Sem contar, o circo, que já era muito presente na minha trajetória.

De que modo tantas mudanças na cultura desde a virada do milênio interferiram no grupo?
Falar de teatro, música e produção artística é sempre falar de algo que está sempre mudando. Às vezes essa mudança significa retornar a algo que existia, às vezes é outra referência para compor com alguma outra coisa e criar uma terceira. Nós do Teatro Mágico, por exemplo, tínhamos uma trupe diferente a cada álbum. Ou seja, estamos sempre nos reinventando de alguma forma e a tecnologia contribuiu com muita coisa, nesse sentido, nos vídeos, no uso de novas possibilidades de luz, ao mesmo tempo que vez por outra a gente quer justamente voltar para algo mais simples. A força da mudança interfere sempre de maneira criativa no nosso trabalho.

O Voz & Violão foi uma tentativa de se aproximar ainda mais do público?
Esse projeto, em essência, a maneira com que comecei a me lançar como músico na noite. Quando eu trouxe o Teatro Mágico, em alguns momentos do show a banda saía e eu fazia voz e violão, caminhava entre as pessoas cantando, transformava aquele espaço em um ambiente intimista. Então essa proximidade sempre houve. Mas, ao longo do tempo, as pessoas começaram a pedir mais dessa configuração. Quando fizemos 15 anos, perguntamos ao público o que as pessoas queriam de diferente: e uma das coisas pedidas foi um sarau com voz e violão. A partir dali, esse formato passou a ser muito importante para nós, inclusive para chegar em mais lugares do Brasil.

Qual a sua relação com a música teatro pernambucanos?
Eu tenho amores em Pernambuco: Maira Viana, que escreveu clássicos do Teatro Mágico junto comigo, além do livro de grande sucesso ‘O Teatro Mágico em Palavras’; Silvério Pessoa, que sempre nos acolheu tão bem, Flaira Ferro, Igor de Carvalho, Lula Queiroga e tantos outros que eu admiro imensamente. Pernambuco é um polo cultural gigantesco que ferve o ano inteiro. Por isso mesmo que devo chegar dias antes, porque quero aproveitar o máximo do meu tempo por aí.