A reverência de uma referência Jards Macalé sobe ao palco do Boa Vista neste sábado (20), ao lado de Sergio Kradowski, para um tributo ao sambista Zé Keti

ROBSON GOMES
Giro Blog

Publicação: 20/04/2024 03:00

Moderno, irreverente, inquieto, sedutor. São muitos os epítetos para definir um dos artistas mais genuínos que a música brasileira já produziu. Estamos falando de Jards Anet da Silva, ou Jards Macalé para aqueles que o apreciam artisticamente. Aos 81 anos de vida, este músico e cantautor carioca sobe ao palco do Teatro Boa Vista, na noite deste sábado (20), junto com Sergio Krakowski para apresentar o show Mascarada, criado pelos dois em tributo sambista Zé Kéti.

“Essa homenagem começou com uma proposta do [Sergio] Krakowski para gravar um disco sobre Zé Kéti. Ele tem um trio lá em Nova York e me convidou para ir à Paris participar deste trabalho, trazendo uma visão contemporânea ao samba do Zé. Juntos, elaboramos um samba diferente, porque o samba já é uma injeção, mas é uma injeção dentro da injeção”, explica Jards em conversa com o Diario. O resultado desta proposta já pode ser ouvido no álbum que leva o mesmo nome do espetáculo, lançado em janeiro nas plataformas digitais.

Apreciar este veterano artista ainda ativo nos palcos é prestigiar todas as grandes contribuições que ele trouxe para a MPB. Entre os anos 1960 e 1970, o carioca foi arranjador e músico dos baianos Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Na sequência, apresentou-se ao lado de nomes como Raul Seixas, Paulinho da Viola e Chico Buarque. E como compositor, canções como Revendo Amigos, Mal Secreto e Farinha do Desprezo (garantidas no setlist de logo mais) foram sucessos nas vozes de artistas distintos e de várias épocas como Gal, Nara Leão, Elizeth Cardoso, Adriana Calcanhotto, Frejat, Luiz Melodia, Marcelo Falcão (O Rappa), Thaís Gulin e Bethânia, entre outros.

Por isso, a obra de Jards Macalé tem atravessado gerações: “Eu vejo isso do palco. Na plateia, tem um grande público jovem acompanhando meu trabalho. Acho isso uma maravilha, pois é um reflexo de seguir trabalhando todos esses anos. Quando vejo esse público diverso, me emociono”.

O carioca de voz rouca e inconfundível também destacou com carinho a importância da saudosa Gal Costa como a grande intérprete de suas obras, como a icônica Vapor Barato. “Ela foi fundamental para minhas composições, uma das vozes mais fortes. Não só divulgou essas canções com a potência dela, como também as renovou. Deu uma interpretação toda especial e pessoal. E faz muita falta hoje em dia”, ressalta.

Feliz por se apresentar na capital pernambucana, o músico se aproxima do estado através de suas raízes. “Falar de Pernambuco é lembrar do meu pai, que é de Olinda. Então, gostaria muito de dar um rolê por lá, mas infelizmente, não será possível”, lamenta ele, por conta da sua atribulada agenda de compromissos.

Mas é justamente essa inquietude artística que faz de Jards Macalé um patrimônio vivo da música popular brasileira a ser reverenciado. “É energizante! É uma força que vem de dentro, que me dá vontade de seguir fazendo as coisas, de continuar compondo, tocando, andando com meus companheiros, amigos e parceiros. Esse último disco que eu fiz, por exemplo, fala sobre essa energia nova. Tudo isso é uma força que vem do meu interior. Eu não sei explicar. Só sei que existe e que faz com que eu faça as coisas”, arremata.

Serviço

Show Mascarada - com Jards Macalé & Sergio Krakowski
Hoje, às 20h, no Teatro Boa Vista.
Ingressos a partir de R, à venda online.