Família dá sequência ao legado artístico

Antônio Gois

Publicação: 27/07/2024 03:00

J.Borges passou a cinco dos 18 filhos seu dom de contar o Nordeste com tinta, madeira e papel. Dos filhos que se envolveram com a xilogravura,  três seguem firmes na profissão. "A gente não se sente pressionado. Foi uma coisa bem natural. A gente meio que nasceu dentro do ateliê. Fomos aprendendo, sempre trabalhando juntos", relembrou Bacaro, 23. "Sessenta e oito anos de arte é algo muito grande, mais do que uma vida. A gente tem a responsabilidade de passar para frente e não deixar morrer, fazendo o melhor, cada dia mais", disse Pablo, cujo traçado é mais parecido com o do pai.

Mas não foram só os filhos que aprenderam o ofício do mestre. A nora Edna Silva também é xilogravurista e teve o sogro como sua maior inspiração durante os 14 anos de trabalho conjunto. "A gente pegava um trabalho para ele e dizia: %u2018olha, Borges, a ideia é essa aqui%u2019. Quando voltava, ele já tinha feito aquela arte. A gravura dele, o colorido dele, a modéstia, o amor que ele tinha pela nossa cultura, pelo folclore, tudo que estava na gravura dele que toca o coração de pessoas de qualquer parte do mundo", contou. "Morreu o físico, mas o nome dele vai ficar vivo através da arte dele, através desse legado que ele deixou", finalizou.