‘Pedaço de Mim’, que estreou na última sexta-feira, é a nova aposta da Netflix para os brasileiros que adoram séries, mas querem sentir o gostinho de uma novela. Assim que foi anunciada, a produção recebeu o título de primeiro folhetim da plataforma. Porém, se transformou em uma minissérie com 17 de episódios.

O formato é acertado, já que a produção condensa bem uma história poderosa, trazida à vida por um elenco de estrelas conhecidas, mas que parecem renovadas pelo formato pioneiro.

Na série, Liana (Juliana Paes) é uma terapeuta ocupacional que tem o sonho de ser mãe. Focada em engravidar do marido Tomás (Vladimir Brichta), ela tem um baque quando descobre uma traição de seu companheiro. Para ‘dar o troco’, Liana sai para uma balada e, na mesma noite, é vitima de um estupro. Dias depois, ao descobrir que está grávida de gêmeos, o sonho esbarra numa condição médica super rara: a superfecundação hetero parental. Nesse caso, os gêmeos têm pais diferentes e, pior ainda, um é filho de seu marido e o outro de seu abusador.

Em conversa com o Diario, Juliana contou como foi interpretar Liana. Segundo ela, viver uma trama forte como a da série foi uma descoberta, potencializada pelo formato da produção. “Você faz uma novela de cento e poucos capítulos e consegue viver no set e viver sua vida em casa, consegue separar muito bem. Esse processo do streaming que faz com que você mergulhe de uma forma mais vertical, mais denso, foi mais complicado pra mim”, contou a atriz.

Para Paes, a história vivida pela personagem transbordou até sua vida pessoal. “Com esse componente de abuso, foi muito difícil voltar para o meu corpo sexual. Levei um tempo sem querer muito toque... Não é que eu vivi um trauma através da personagem, mas fiquei com o corpo sensibilizado durante um tempo depois das gravações e isso foi uma primeira vez. Mexeu muito comigo, de um jeito que não é consciente”, disse.

“Coloquei meu corpo, minhas emoções e a gente sempre tenta relacionar com o que a gente já viveu. Nunca vivi nada parecido, então pra mim também foi uma descoberta, uma pesquisa que foi acontecendo no set”, finalizou Juliana.

O OUTRO LADO
Em contraponto à Liana está Oscar. Clássico playboy e velho conhecido da protagonista, o personagem é alguém que, infelizmente, todo mundo conhece. Felipe Abib, ator que dá vida ao grande vilão da série, destaca a proximidade da ficção com a realidade.

“Como a gente tem esse meio-termo e quer discutir o masculino na sociedade, é importante que ele seja próximo, que ele não seja só mau caráter, mas que pode ser um cara legal, pode rir, pode fazer piada. Ele está em qualquer lugar”, diz Abib.

Uma das tramas mais interessantes do melodrama é a relação do Oscar com a irmã, Débora (Martha Nowill). Ela é melhor amiga e colega da Liana, e se vê numa sinuca enquanto a história se desenrola. Para o ator, a presença da irmã traz mais ainda o Oscar até o público.

“Se ele não tivesse família, não tivesse nada, você veria ele só como um vilão. A irmã é absolutamente fundamental para mostrar que ele é um cara comum. A relação traz um pouco de humanidade para esse cara”, opina o ator.
 
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