Luz, câmera e ilusão "Entrevista com o demônio" emula a estética de talk show dos anos 1970 e atuação de David Dastmalchian segura o clima de tensão

André Guerra

Publicação: 04/07/2024 03:00

Após o trágico falecimento de sua esposa, o apresentador de um programa de televisão nos anos 1970, Jack Delroy (David Dastmalchian), está tentando desesperadamente recuperar a audiência e, assim, evitar ser tirado do ar. O Halloween de 1977 se torna, aparentemente, a ocasião perfeita para trazer o sucesso de volta ao quadro de entrevistas, no qual Jack resolve chamar como convidadas uma psicóloga paranormal (Laura Gordon) e uma jovem retratada no livro dela (Ingrid Torelli), única sobrevivente de um suicídio em massa ocorrido durante um ritual satânico. No início do programa, tudo parece estar sob controle, mas, à medida em que novas provocações são feitas a fim de crescer as respostas da plateia, forças sobrenaturais colocam todos do estúdio em perigo.

Em cartaz a partir de hoje, o terror Entrevista com o demônio conquistou repercussão notável no primeiro semestre quando foi exibido no festival anual South by Southwest, no Texas, e, desde então, vem sendo considerado um dos melhores do gênero de 2024.

A primeira metade do filme é particularmente interessante no modo que desarma o público para a possibilidade das ameaças sobrenaturais surgirem e está sempre brincando com o ilusionismo da imagem, quase como um comentário autoconsciente sobre seu próprio método: um filme que “forja” um aspecto antigo falando sobre a dissimulação daquilo que se assiste.

Essa brincadeira com realismo e sobrenatural, aliada à performance notável de Dastmalchian, é o que o filme tem de melhor a oferecer, já que, próximo ao clímax, o roteiro apela para as resoluções mais rápidas e dramaticamente abruptas imagináveis, como se não soubesse levar sua premissa até as últimas consequências e precisasse de recursos oníricos que aqui soam evasivos.

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