Entre a tragédia e a empatia Em Tebas Land, o ator pernambucano Robson Torinni, o vilão Cláudio da novela "Família é Tudo", dá vida ao jovem presidiário Martin, na peça escrita pelo uruguaio Sergio Blanco, dividindo o palco com Otto Jr.

ROBSON GOMES
Giro Blog

Publicação: 27/08/2024 03:00

“Já olhou pra alguém e pensou: o que passa na cabeça dela?”. A frase do filme Divertida Mente (2015), da Disney, que já se tornou um meme usado à exaustão nas redes sociais, pode ser um ponto de partida para um questionamento mais profundo nesse dramático espetáculo teatral que entra em cartaz no Recife no próximo sábado (31) e domingo (1), no Teatro do Parque. Assim é Tebas Land, que estreou em 2018, no Rio de Janeiro, conquistando público, crítica e prêmios e que agora, após uma temporada de sucesso na França, começa a circular pelo Brasil tendo a capital pernambucana como ponto de partida.

A escolha de Pernambuco, porém, não é aleatória. Pois o protagonista desta montagem é um conterrâneo de Garanhuns que está no ar na novela das sete da TV Globo, mas que não vê a hora de se apresentar em casa e para os seus. Seu nome é Robson Torinni, o vilão Cláudio de Família é Tudo, mas que nos palcos está dando vida ao parricida Martin na peça escrita pelo uruguaio Sergio Blanco.

Em Tebas Land, Torinni divide o palco com Otto Jr., que dá vida a um dramaturgo que deseja contar a história deste jovem presidiário cercado de sombras. “O processo de construção da peça foi muito doloroso. Nos ensaios, tanto eu quanto o Otto, volta e meia, parávamos e começávamos a chorar, porque o texto é muito forte. E mesmo que aquilo não fale diretamente sobre mim ou o Otto, o roteiro tem palavras muito duras. Mas nós, a todo momento, nos colocávamos no lugar desses personagens”, relembra Torinni, em conversa exclusiva com a reportagem do Diario de Pernambuco.

Inclusive, é na questão de se colocar no lugar do outro que se encontra o diferencial deste drama. Tebas Land não busca romantizar a atitude do jovem que tirou a vida de seu pai. Muito pelo contrário. “Nestes seis anos em cartaz, a gente escuta bastante esse tipo de relato: que muitos chegaram na peça julgando esse cara e termina querendo abraçá-lo, amá-lo. Porque, na verdade, ele é mais uma vítima do sistema”, esclarece o ator, que convida o público a exercitar, durante os cem minutos desta montagem, o tão difícil sentimento de empatia.

“Acabamos de chegar de uma temporada na França e, por lá, teve vários momentos em que nos quebramos em cena e começamos a chorar, porque esse texto ainda nos atravessa, mesmo fazendo ele há seis anos. É muito louco, porque não é nada planejado. Esse roteiro é tão potente que ainda nos dá essa possibilidade a cada sessão”, ressalta Torinni.

Além da força do texto e da dramaticidade em cena, o conterrâneo ainda terá que lidar com a emoção de se apresentar em seu estado natal.

“A primeira vez que fiz esse espetáculo em Pernambuco foi no FIG de 2018, ou seja, na terra onde nasci. E a sensação foi de pura felicidade! Sabe aquela coisa de que, se sua vida terminasse ali, já teria valido a pena, pois era o momento mais feliz de sua existência? É exatamente o que vou sentir quando estiver no palco do Teatro do Parque com Tebas Land. Porque amo voltar para minha terra e mostrar o meu trabalho para os meus amigos, família e conterrâneos. Será algo único!”, anseia o artista.

Serviço

Tebas Land
- com Robson Torinni e Otto Jr.
Quando: Neste sábado (31/8) e domingo (1º/9), às 19h
Onde: Teatro do Parque, centro do Recife.
Ingressos a partir de R, à venda on-line.