Um encontro para a história Dia Nacional do Frevo, comemorado neste sábado, é marcado pelo encontro do Elefante de Olinda com a Pitombeira dos Quatro Cantos, em frente ao Paço do Frevo, com o Bloco Lírico Cordas e Retalhos abrindo a festa

André Guerra

Publicação: 14/09/2024 03:00

Gigantes da história do carnaval pernambucano se reúnem na noite do Dia Nacional do Frevo (sábado, 14) para uma festa aberta aos foliões que curtem as tradições do ritmo durante todo o ano, não apenas no período carnavalesco. Celebrando a data, o Paço do Frevo convocou o Elefante e a Pitombeira para um reencontro histórico, após 35 anos, em que as duas agremiações podem festejar em frente ao equipamento cultural, em nome também de um novo momento de união e harmonia, após rivalidades do passado.

A partir das 18 horas, o tradicional Bloco Lírico Cordas e Retalhos, fundado em 1998, vai cantar em frente ao museu ao som da Orquestra do Maestro Edson Rodrigues e, simultaneamente, os 72 anos do Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda e os 77 da Troça Carnavalesca Pitombeira confluem em dois arrastões de frevo na Avenida Rio Branco, cada uma de um lado, até o encontro apoteótico em frente ao Paço do Frevo.

Em Pernambuco, a celebração do ritmo no calendário ocorre tanto no dia 9 de fevereiro – data da primeira aparição da palavra “frevo” (encontrada numa edição de 1907 do Jornal Pequeno pelo historiador Evandro Rabelo) – quanto no dia 14 de setembro, instituído nacionalmente em 2009 e tendo como referência o nascimento do jornalista Osvaldo de Almeida, um dos maiores difusores do frevo na mídia.

Esse movimento para uma grande brincadeira surgiu em 2023, quando o Paço reuniu o Cariri Olindense e o Homem da Meia-Noite e abriu a festa para todos os foliões da cidade. O desfile pelas ruas em volta do museu relembrou a força simbólica da paz e da alegria promovida pelos festejos de carnaval.

“Percebemos que poderíamos fazer outros projetos como esse dando o espaço também para outras agremiações, sempre fazendo essa mistura de frevo de rua com frevo de bloco, além de passistas e suas orquestras”, comentou Luciana Félix, diretora do Paço do Frevo, em entrevista ao Viver. “Quando a gente faz essa mistura, percebemos que a missão desse lugar estratégico do Paço, no centro, em frente à Praça do Arsenal, é justamente colocar o frevo no pódio de fruição que ele merece”, enalteceu.

“Para nós, é uma honra ter recebido esse convite do Paço para celebrar justamente o dia em que se comemora nacionalmente a existência desse patrimônio imaterial de Pernambuco e da humanidade. É uma felicidade grande participar ao lado de outra agremiação histórica do nosso carnaval, a Pitombeira. A gente convida o público para ir com a gente celebrar da melhor forma possível, ao som dos clarins de Momo e do ritmo que faz o corpo e o coração da gente pegar fogo”, convocou Juliana Serretti, vice-presidente do Elefante.

“O Paço é um espaço muito importante para nós por levantar toda uma história tanto de Olinda como do carnaval pernambucano, as agremiações que existiram e ainda existem. O encontro será fantástico porque vai ser uma celebração da paz, após uma rivalidade pesada de brigas tantos anos atrás. A gente hoje tem um laço forte com a diretoria deles e tenho certeza de que faremos juntos uma grande festa”, disse Hermes Neto, presidente da Pitombeira.

“A data homenageia um jornalista negro que tem um papel muito relevante para o registro do frevo e do carnaval na imprensa de Pernambuco, e a celebração do seu nascimento como Dia Nacional do Frevo é muito justa, como reconhecimento de seu trabalho para a História. A comemoração promovida pelo Paço do Frevo vai ficar para a história, porque está reunindo dois antigos rivais do carnaval de Olinda bem no coração do Recife Antigo”, destacou Julio Vila Nova, presidente e fundador do Cordas e Retalhos.