Morre Antonio Cicero, poeta e filósofo, aos 79 Ele foi diagnosticado com Alzheimer e internado diversas vezes nos últimos anos. Acadêmico fez um procedimento de morte assistida na Suíça, onde vivia

Publicação: 24/10/2024 03:00

O poeta e filósofo Antonio Cicero morreu ontem, aos 79 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2017, Antonio escreveu as letras das músicas Fullgás, Pra começar e À francesa – as duas primeiras em parceria com a irmã, Marina Lima. Ele foi diagnosticado com Alzheimer e internado diversas vezes nos últimos anos. O poeta fez um procedimento de morte assistida na Suíça, onde a prática é legalizada.

Nascido no Rio de Janeiro, em 6 de outubro de 1945, Antonio estudou filosofia na PUC do Rio de Janeiro e, depois, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em 1969, devido a problemas políticos, foi para Londres, onde conclui o curso de filosofia na Universidade de Londres. Em 1976, Cicero foi fazer pós-graduação na Georgetown University, nos Estados Unidos, onde estudou grego e latim, o que lhe permitiu ler no original clássicos como Homero, Píndaro, Horácio e Ovídio. Depois, ele deu aulas de filosofia e lógica, em universidades do Rio de Janeiro.

Antonio Cicero foi eleito no dia 10 de agosto 2017 para a cadeira 27 da ABL, sucedendo o professor Eduardo Portella.

Cicero foi eleito por 30 votos. Antes de Cicero, os ocupantes anteriores da cadeira 27 foram: Joaquim Nabuco – fundador da cadeira e que escolheu como patrono Maciel Monteiro, Dantas Barreto, Gregório da Fonseca, Levi Carneiro e Otávio de Faria.  

O acadêmico deixou uma carta de despedida aos familiares e amigos, onde disse que estava com Alzheimer e que a vida dele tinha se tornado “insuportável”. “Não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem. Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia”, afirmou o poeta.

“Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”, continua a carta. (Correio Braziliense)