Todas as cores da arte Em retrospectiva das principais exposições de arte que marcaram 2024, seja de artistas locais ou estrangeiros, Viver ressalta diversidade de artistas, obras e estilos que se destacaram em Pernambuco

André Guerra

Publicação: 27/12/2024 03:00

Este ano foi representado por uma imensa variedade entre as mostras apresentadas por grandes artistas pernambucanos e trazidas por nomes fortes de fora. Alceu Valença, Jeff Alan, centenário de consagrados e célebres nomes estrangeiros figuram na lista.

Entre os locais, o Mercado Eufrásio Barbosa marcou este final de ano com a beleza das telas de Tânia Carneiro Leão. Aos 88 anos, a artista plástica reuniu 80 peças na exposição Jogos Frutais, título inspirado na obra de João Cabral de Melo Neto.

Momento de grande representação internacional logo no começo do ano, a obra Generator foi a primeira exibição da sérvia Marina Abramovic em espaço aberto ao público no Brasil, onde a prática da moagem de cana deu lugar às 40 obras e instalações que compõem o acervo do Parque Artístico-Botânico Usina da Arte na antiga Usina Santa Terezinha, Mata Sul de Pernambuco.

O início das comemorações do centenário de um dos maiores artistas plásticos pernambucanos foi marcado pelas exposições Hora, substantivo feminino, na Feira de Arte Contemporânea, no espaço Nosso Quintal, e Abelardo da Hora: 100 anos, na Galeria Terra Brasilis, que se debruçaram sobre diferentes fases da carreira de Abelardo. O clima de homenagens também ficou por conta da exposição imersiva O Auto de Ariano, o realista esperançoso, que trouxe a iconografia de Ariano Suassuna ao Espaço de Eventos do RioMar Recife neste que marca os 10 anos de seu falecimento.

Outra imersiva que chegou ao shopping foi a mostra Michelangelo: O mestre da Capela Sistina, que trouxe espaços dedicados à história do italiano e uma série de curiosidades sobre sua obra, com réplicas de esculturas famosas como 'Madonna da Escada'. O RioMar recebeu também a celebração do centenário do pernambucano José Corbiniano Lins, com a exposição 100 anos de Corbiniano: A festa! exibindo 80 de suas obras, com mais da metade para venda.

Na Galeria Marco, em Boa Viagem, a mostra Siron Franco: De dentro do Cerrado reuniu cerca de 50 obras do artista goiano, entre pinturas e esculturas que refletem as suas principais inspirações a partir da vivência no cerrado brasileiro, denunciando a exploração dos recursos naturais.

Após trazer ao Recife a exposição Comigo Ninguém Pode: A pintura de Jeff Alan, o artista recifense começou a rodar pelo Brasil com este trabalho que reúne diversas peças. A representação da arte negra também ganhou protagonismo através do Museu do Estado de Pernambuco, com o evento Cultura Negra: Resistência e Voz, realizado pela Sociedade dos Amigos do Museu e pela Fundarpe. A Feira das Mulheres Pretas-Afroempreendedoras no Feminino Negro reuniu um coletivo de mulheres pretas para levar ao público uma variedade de produtos e serviços, com roda de diálogos e oficina, que exaltam a cultura negra e o protagonismo feminino.

Destaque também do Museu do Estado, a mostra João Câmara 80 anos: Pinturas Digitais, a terceira do artista no equipamento cultural, trouxe trabalhos produzidos nos últimos 20 anos pelo paraibano dentro de um formato que reinventou parte do seu processo e o fez refletir sobre a transformação de sua obra através do tempo. Em um ano cheio de efemérides, o Museu contou ainda com a celebração do centenário do escritor pernambucano Osman Lins, ocasião festiva com o desfile de moda da estilista Eliane Mello e exposição dos artistas Álvaro Caldas, Clériston Andrade, Timóteo, Jéssica Martins, Rikia Amaral, Tereza Pernambucano, Vânia Notaro, Fabiola Pimentel e Antônio Henrique.

Também no Museu do Estado ocorreu o lançamento do livro Reynaldo Fonseca, publicação de capa dura assinada por Denise Mattar e Maurício Redig de Campos, que faz um conjunto de obras de toda a produção do pintor e muralista desde 1930 até a sua morte, em 2019. Já na Casa Estação da Luz, em Olinda, mais de 200 peças de diferentes acervos foram reunidas para a grande exposição Alceu Valença, uma geografia visceral nordestina, que mergulhou no imaginário da região para explorar a obra do artista e como ela foi influenciada pelo universo onde viveu. Enquanto isso, no Parque Dona Lindu, Elas Pintam o 7, projeto cultural da Galeria Janete Costa, buscou o destaque ao talento de artistas pernambucanas.

Na primeira quinzena do mês de julho, a 24ª Feira Nacional de Negócios de Artesanato (Fenearte) teve como tema 'Sons do Criar - Artesanato que toca a gente', reverenciando a capacidade de emocionar dos artesãos, com mais de 5 mil exibidores de sua arte ao longo dos dias, além de shows, oficinas e desfiles de moda.

O Paço do Frevo não ficou atrás e, entre as suas muitas mostras e eventos, destacou-se a Mancha de Dendê Não Sai - Moraes Moreira, que tomou conta dos três andares do equipamento com uma imersão na vida e na obra do cantor e compositor baiano. E, entre as principais exposições de fotografias que chegaram à capital, impressionou o trabalho de Valéria Gomes em Santuário do Silêncio, que chegou ao Cais do Sertão transportando o público recifense às paisagens imponentes do Vale do Catimbau. Já a mostra Cuba Pernambucana, da multiartista Mery Lemos, apresentou na Arte Plural Galeria, no Recife Antigo, a riqueza da cultura cubana através dos seus registros em 30 imagens poderosas.