Festa da música negra
Abrindo o 31º Janeiro de Grandes Espetáculos, Áurea Martins, Elizio de Búzios e Orquestra Lunar sobem ao palco do Teatro de Santa Isabel
Allan Lopes
Publicação: 08/01/2025 03:00
"Pernambuco é a minha segunda casa". É assim que Áurea Martins descreve o estado que a recebe nesta quinta-feira como atração de abertura do 31º Janeiro de Grandes Espetáculos, ao lado do seu irmão Elizio de Búzios, no show Orquestra Lunar e a Música Negra de Áurea Martins e Elizio de Búzios, no Teatro de Santa Isabel. A apresentação promete coroar uma carreira de mais de 60 anos, de uma artista que vem sendo gradualmente reconhecida como uma das maiores divas da MPB, e ainda traz ao palco outro ícone da cultura brasileira, Lia de Itamaracá. O espetáculo volta a ser mostrado na sexta, com participação do cantor Gustavo Travassos.
Para Áurea, dividir o palco com Lia de Itamaracá torna sua volta ao Janeiro de Grandes Espetáculos ainda mais especial. "Lia é um verdadeiro patrimônio do Brasil. Dividir um show com ela é uma honra, uma verdadeira bênção". O encontro de duas divas octogenárias da música brasileira, em celebração à ancestralidade e negritude, promete ser um dos momentos mais emblemáticos desta edição do Janeiro. "Acho isso muito importante, porque somos mulheres de estados diferentes, mas nos unimos por um propósito comum: divulgar a cultura negra".
Carioca da gema, sempre manteve suas raízes no Rio de Janeiro, mas se tivesse que escolher outro lugar para viver, seria mesmo Pernambuco. "É um lugar que sempre me acolheu e representa muito para mim. Foi o primeiro estado do Nordeste que eu conheci". Nada disso seria possível sem a admiração recíproca entre Áurea e Gonzaga Leal, com quem dividiu o disco Olhando o Céu Viu uma Estrela, em tributo a Dalva de Oliveira, inspirado no espetáculo homônimo que estreou em 2017. "Através de Gonzaga, pude conhecer Recife, essa cidade hoje tão significativa para mim", ressalta.
O apreço de Áurea pelo talento pernambucano se estende a outros nomes. A artista revela que está trabalhando em um projeto com o cantor e pianista pernambucano Zé Manoel. Ela também fez questão de mencionar Amaro Freitas. "É uma nova geração em formação. Isso tudo gera uma corrente de positividade em cima da cultura negra", destaca. Áurea foi apadrinhada por Nelson Sargento (1924 - 2021), ícone do samba e autor de clássicos como Agoniza Mas Não Morre, e agora se vê no papel de transmitir o legado do mestre. "Precisamos realizar diversas atividades para manter vivos nossos ancestrais".
Nascida Áldima Pereira dos Santos e batizada com seu nome artístico por Paulo Gracindo nos anos 1960, época em que fazia programas de auditório da Rádio Nacional, a artista carioca gravou seu primeiro LP em 1972, intitulado Amor em Paz, e desde os anos 1990 vem crescendo sua discografia - tanto em volume quanto em variedade - para a felicidade de fãs ilustres como Fernanda Montenegro e Alcione.
Senhora das Folhas, seu mais recente álbum, traz um repertório embalado por música de todos os ritmos, com mix de tambores e guitarras, e dedicado às benzedeiras, rezadeiras e curandeiras presentes, há séculos, no cotidiano do povo brasileiro. O disco apresenta arranjos que se distanciam da sonoridade habitual de Áurea, mas mantém sua postura firme e comprometida com a valorização da cultura negra. "Este trabalho foi icônico, pois me colocou em um posicionamento firme em relação à cultura afro-brasileira", diz ela. Áurea garante que ouve de tudo, mas a música negra tem lugar privilegiado no seu tempo livre. "Adoro jazz, bossa nova, porque não tenho preconceito, gosto de música boa. Mas a música negra, para mim, ocupa um lugar único. Ela me enaltece, me coloca no fogo".
No palco do Santa Isabel, estará ao lado da Orquestra Lunar, composta por oito mulheres musicistas de diversas origens, formações, idades e experiências, em atividade desde 2005. Para o Janeiro de Grandes Espetáculos, além de peças autorais de Elizio de Búzios, a diva preparou quatro canções. Também farão parte do repertório clássicos como Fato Consumado, de Djavan, e O Morro Não Tem Vez, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, rearranjados pela orquestra formada por Monica Avila (saxofone alto e auta), Sueli Faria (saxofone barítono e auta), Katia Preta Nascimento (trombone), Manoela Marinho (violão e cavaquinho), Luciana Requião (baixo elétrico), Sheila Zagury (teclado), Rafaela Morret (percussão) e Georgia Camara (bateria). Uma verdadeira festa da música negra, popular e brasileira.
Para Áurea, dividir o palco com Lia de Itamaracá torna sua volta ao Janeiro de Grandes Espetáculos ainda mais especial. "Lia é um verdadeiro patrimônio do Brasil. Dividir um show com ela é uma honra, uma verdadeira bênção". O encontro de duas divas octogenárias da música brasileira, em celebração à ancestralidade e negritude, promete ser um dos momentos mais emblemáticos desta edição do Janeiro. "Acho isso muito importante, porque somos mulheres de estados diferentes, mas nos unimos por um propósito comum: divulgar a cultura negra".
Carioca da gema, sempre manteve suas raízes no Rio de Janeiro, mas se tivesse que escolher outro lugar para viver, seria mesmo Pernambuco. "É um lugar que sempre me acolheu e representa muito para mim. Foi o primeiro estado do Nordeste que eu conheci". Nada disso seria possível sem a admiração recíproca entre Áurea e Gonzaga Leal, com quem dividiu o disco Olhando o Céu Viu uma Estrela, em tributo a Dalva de Oliveira, inspirado no espetáculo homônimo que estreou em 2017. "Através de Gonzaga, pude conhecer Recife, essa cidade hoje tão significativa para mim", ressalta.
O apreço de Áurea pelo talento pernambucano se estende a outros nomes. A artista revela que está trabalhando em um projeto com o cantor e pianista pernambucano Zé Manoel. Ela também fez questão de mencionar Amaro Freitas. "É uma nova geração em formação. Isso tudo gera uma corrente de positividade em cima da cultura negra", destaca. Áurea foi apadrinhada por Nelson Sargento (1924 - 2021), ícone do samba e autor de clássicos como Agoniza Mas Não Morre, e agora se vê no papel de transmitir o legado do mestre. "Precisamos realizar diversas atividades para manter vivos nossos ancestrais".
Nascida Áldima Pereira dos Santos e batizada com seu nome artístico por Paulo Gracindo nos anos 1960, época em que fazia programas de auditório da Rádio Nacional, a artista carioca gravou seu primeiro LP em 1972, intitulado Amor em Paz, e desde os anos 1990 vem crescendo sua discografia - tanto em volume quanto em variedade - para a felicidade de fãs ilustres como Fernanda Montenegro e Alcione.
Senhora das Folhas, seu mais recente álbum, traz um repertório embalado por música de todos os ritmos, com mix de tambores e guitarras, e dedicado às benzedeiras, rezadeiras e curandeiras presentes, há séculos, no cotidiano do povo brasileiro. O disco apresenta arranjos que se distanciam da sonoridade habitual de Áurea, mas mantém sua postura firme e comprometida com a valorização da cultura negra. "Este trabalho foi icônico, pois me colocou em um posicionamento firme em relação à cultura afro-brasileira", diz ela. Áurea garante que ouve de tudo, mas a música negra tem lugar privilegiado no seu tempo livre. "Adoro jazz, bossa nova, porque não tenho preconceito, gosto de música boa. Mas a música negra, para mim, ocupa um lugar único. Ela me enaltece, me coloca no fogo".
No palco do Santa Isabel, estará ao lado da Orquestra Lunar, composta por oito mulheres musicistas de diversas origens, formações, idades e experiências, em atividade desde 2005. Para o Janeiro de Grandes Espetáculos, além de peças autorais de Elizio de Búzios, a diva preparou quatro canções. Também farão parte do repertório clássicos como Fato Consumado, de Djavan, e O Morro Não Tem Vez, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, rearranjados pela orquestra formada por Monica Avila (saxofone alto e auta), Sueli Faria (saxofone barítono e auta), Katia Preta Nascimento (trombone), Manoela Marinho (violão e cavaquinho), Luciana Requião (baixo elétrico), Sheila Zagury (teclado), Rafaela Morret (percussão) e Georgia Camara (bateria). Uma verdadeira festa da música negra, popular e brasileira.