Como Kieran Culkin virou favorito ao Oscar Viver relembra a trajetória do ator indicado a Melhor Ator Coadjuvante por "A Verdadeira Dor". Ele é irmão do astro-mirim Macaulay Culkin

André Guerra

Publicação: 10/02/2025 03:00

Para a surpresa de muita gente, aquele menino que apareceu pela primeira vez no papel de primo do seu irmão mais velho Macaulay Culkin em Esqueceram de Mim (1990) é, atualmente, o grande favorito ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo seu papel na comédia dramática A Verdadeira Dor, que segue em cartaz nos cinemas do Recife, pelo qual ele já ganhou o Globo de Ouro e, na última sexta, o Critics’ Choice. Apesar do título de coadjuvante, Kieran Culkin é a grande estrela do longa dirigido e protagonizado por Jesse Eisenberg, que, por sua vez, concorre a Melhor Roteiro Original.

Dividindo a infância novaiorquina com seis irmãos, entre eles o astro-mirim Macaulay, Kieran não teve o mesmo estrelato precoce do irmão mais velho. Seu primeiro grande trabalho foi no filme de ação Vencer ou Morrer (1993), de Robert Harmon, no qual contracenou com Jean-Claude Van Damme; o longa foi um sucesso de bilheteria, mas teve fraca recepção da crítica à época.

Um divisor de águas na carreira de Kieran foi seu papel no drama Sempre Amigos (1998), de Peter Chelsom, em que interpretou um menino com uma deficiência de locomoção que faz amizade com um outro garoto na sua nova vizinhança. Apesar de participações elogiadas em filmes como o premiado Regras da Vida (1999), de Lasse Hallström, Música do Coração (1999), de Wes Craven, e principalmente A Estranha Família de Igby (2002), de Bois Burr, pelo qual concorreu pela primeira vez ao Globo de Ouro, o grande estouro do ator foi na televisão, com a consagrada série Succession (2018-2023), criada por Jesse Armstrong.

Interpretando o problemático bilionário Ramon Roy, desesperado pela aprovação do pai ao longo do seriado, Kieran recebeu duas indicações ao Emmy de Melhor Ator Coadjuvante em Série Dramática, mas venceu na terceira, quando foi indicado para Melhor Ator. Pelo mesmo personagem, ele ganhou também dois troféus no Critics’ Choice, dois no Sindicato dos Atores (SAG) e um no Globo de Ouro.

Em A Verdadeira Dor, o ator interpreta Benji, que embarca junto ao seu primo David (Jesse Eisenberg) numa excursão pela Polônia, revisitando memórias do holocausto em homenagem à avó falecida.

Apesar de o enredo ser contado através dos olhos do pragmático e discreto David, é o personagem de Kieran que mais ganha espaço, com seus gestos expressivos e afetuosos, entusiasmo nas interações com o grupo da excursão e também uma grande instabilidade emocional. Pelo tempo de tela, muito foi debatido se não seria o caso de considerá-lo como ator principal, mas é uma estratégia das distribuidoras lançar coprotagonistas como coadjuvantes por chamarem mais a atenção e, assim, ter mais chances de vitória.

No caso deste longa em particular, o papel ganha ainda maior proeminência porque todo o entorno dele é, francamente, pouco interessante. É compreensível que essa consagração no cinema esteja ocorrendo com Kieran neste momento, já que sua trajetória é inicialmente marcada pelo estigma de sombra do irmão e, só recentemente, pelo enorme sucesso na televisão. Dessa vez, não esqueceram dele.