Emilia Pérez, do favoritismo ao cancelamento
Líder de indicações ao Oscar chega aos cinemas do Recife em meio a uma crise incontornável envolvendo a protagonista Karla Sofia Gascón
André Guerra
Publicação: 05/02/2025 03:00
Nenhum filme da atual temporada de prêmios vive uma trajetória tão desgovernada quanto Emilia Pérez. O longa, que entra em cartaz amanhã no Recife, foi uma das sensações do Festival de Cannes 2024, sucesso de público em Toronto, ganhador do Globo de Ouro de Melhor Filme — Comédia/Musical e líder de indicações ao Oscar (13 ao todo), mas enfrenta fortes controvérsias, culminando no caso explosivo envolvendo a atriz principal, Karla Sofia Gascón.
Dirigido e escrito pelo francês Jacques Audiard, a obra musical gira em torno da advogada Rita (Zoe Saldaña), contratada por um chefe do narcotráfico para auxiliá-lo na redesignação de gênero. Agora, sob a identidade de Emilia Pérez (Karla Sofia), a personagem tenta apagar o passado, mas a sua vontade de reaver os filhos tem um alto custo.
Audiard foi criticado pela apropriação da cultura latino-americana e também da pauta trans, dado o discurso binário, simplista e punitivista com que Emilia Pérez lida com a protagonista.
Nada parecia afetar a produção, que chegou como favorito ao Oscar de Filme Internacional e recordista de indicações para um longa de língua não-inglesa. Até que a campanha trouxe Karla Sofia Gascón e Jacques Audiard para promover o filme no Brasil. Com o clima de animosidade já instalado, graças à concorrência com Ainda Estou Aqui, a espanhola (primeira atriz trans nomeada ao Oscar) acusou pessoas próximas a Fernanda Torres de organizarem ataque sistemático a seu filme - e aí a coisa toda degringolou.
A controvérsia de Karla se multiplicou quando foram resgatadas postagens suas com conteúdo racista e xenobóbico, com ironias sobre povos mulçumanos na Espanha, desdém sobre o assassinato de George Floyd e críticas à representatividade no Oscar.
Na tentativa de se defender, a atriz concedeu entrevistas afirmando existir uma campanha de silenciamento contra ela, mas suas justificativas pioraram o clima. A campanha entrou em colapso, excluindo Karla da divulgação e tentando salvar a reputação do filme em algumas categorias, mas o estrago, aparentemente, já está feito. O antes mais badalado filme da temporada virou um campo minado.
Dirigido e escrito pelo francês Jacques Audiard, a obra musical gira em torno da advogada Rita (Zoe Saldaña), contratada por um chefe do narcotráfico para auxiliá-lo na redesignação de gênero. Agora, sob a identidade de Emilia Pérez (Karla Sofia), a personagem tenta apagar o passado, mas a sua vontade de reaver os filhos tem um alto custo.
Audiard foi criticado pela apropriação da cultura latino-americana e também da pauta trans, dado o discurso binário, simplista e punitivista com que Emilia Pérez lida com a protagonista.
Nada parecia afetar a produção, que chegou como favorito ao Oscar de Filme Internacional e recordista de indicações para um longa de língua não-inglesa. Até que a campanha trouxe Karla Sofia Gascón e Jacques Audiard para promover o filme no Brasil. Com o clima de animosidade já instalado, graças à concorrência com Ainda Estou Aqui, a espanhola (primeira atriz trans nomeada ao Oscar) acusou pessoas próximas a Fernanda Torres de organizarem ataque sistemático a seu filme - e aí a coisa toda degringolou.
A controvérsia de Karla se multiplicou quando foram resgatadas postagens suas com conteúdo racista e xenobóbico, com ironias sobre povos mulçumanos na Espanha, desdém sobre o assassinato de George Floyd e críticas à representatividade no Oscar.
Na tentativa de se defender, a atriz concedeu entrevistas afirmando existir uma campanha de silenciamento contra ela, mas suas justificativas pioraram o clima. A campanha entrou em colapso, excluindo Karla da divulgação e tentando salvar a reputação do filme em algumas categorias, mas o estrago, aparentemente, já está feito. O antes mais badalado filme da temporada virou um campo minado.