Ivete Sangalo e o carnaval são praticamente sinônimos. Até as filhas gêmeas da cantora, Marina e Helena, vieram ao mundo em um sábado de Zé Pereira, como se o destino reforçasse essa ligação. Em outras palavras, esta baiana de Juazeiro é a personificação da folia: vibrante como um trio elétrico e contagiante como um bloco lotado de foliões. Aos 52 anos de idade e 32 de carreira, Ivete reencontra os pernambucanos no próximo domingo, como uma das atrações do Olinda Beer, na área externa do Pernambuco Centro de Convenções.

Ela, que já reinou em palcos como o Maracanã, no Rio de Janeiro, e o Madison Square Garden, em Nova York, ainda sonha com um em especial: o Galo da Madrugada. Em conversa exclusiva com o Viver, Ivete conta que este permanece sendo um dos seus grandes desejos. “Eu acho que o Galo da Madrugada é o sonho de qualquer artista. É um bloco tão emblemático, tão especial, tão forte, tão de Pernambuco. Todo brasileiro e qualquer pessoa que entenda de alegria, de festa, de tradição, tem o sonho de sair no Galo”, afirma. “Eu, como pernambucana, por direito e também porque recebi o meu título, acho que é um sonho que vai se realizar, sem dúvidas. E será uma das experiências mais lindas da minha vida”.

Ao abordar a relação entre o axé music e o frevo, Veveta destaca a afinidade entre os dois ritmos. O axé, segundo ela, carrega em sua essência uma influência marcante do frevo. Já o ritmo pernambucano evoca memórias afetivas e reproduz a alegria dos carnavais de outrora. “Inclusive, a música O Verão Bateu em Minha Porta abre com a caixa de frevo. Porque o frevo, para quem é folião, traz a alegria que a nossa música também tem. O frevo é responsável por muitos amores, muitos carnavais inesquecíveis. E o axé se envolve por completo com o frevo, nos galopes acelerados. A gente usufrui dessa maravilha que é o frevo dentro da nossa música”, detalha, reforçando uma atmosfera efervescente com a fusão destes dois ritmos.

Lançado em janeiro, o EP O Verão Bateu em Minha Porta leva a cantora de volta às suas raízes. Com cinco faixas, o projeto é um convite ao movimento e à celebração das tradições da música baiana. A faixa-título ecoa o sentimento de quem se entrega ao prazer do carnaval, com Ivete exalando a mesma alegria que ela associa ao frevo e ao axé. Desde a batida do pagodão baiano em Energia de Gostosa até o galope de Lugar Perfeito, em feat com Anitta, o álbum reflete a constante busca da cantora por músicas que façam o público dançar e se jogar na folia.

Sobre sua trajetória, Ivete deixa claro que não vê seu trabalho como uma missão impositiva, mas como uma continuidade natural de uma tradição musical moldada por aqueles que vieram antes dela. “A gente aparece, inspira e jamais deixa de aprender ou de desfrutar dos que já estão aí na estrada, e dos que estão chegando, renovando e trazendo novas linguagens”, reflete.

Festejando os 40 anos do axé, a cantora, com humildade, se desvia da responsabilidade de ser apontada como a rainha absoluta do gênero: “Acredito que todos somos reis e rainhas da música. Todo mundo chega com um propósito, e quando esse propósito é a música, isso vira uma missão”. Para Ivete Sangalo, suas canções provocam uma troca constante com o público, movida pela paixão. E no Olinda Beer, essa interação fará a mágica acontecer mais uma vez.