Mais de 350 fitas de Fernando Peres foram restauradas

Um artista com obsessão por gravar tudo ao redor. Assim é Fernando Peres, que desde a infância — influenciado pelo pai fotógrafo — nunca largou a câmera. Entre o final dos anos 1990 e os anos 2000, ele acumulou centenas de fitas com registros da efervescência cultural do Recife e de Olinda. Esse material, guardado por anos, transforma-se agora em um projeto de preservação e memória: Tempo Bruto, que estreia hoje, às 19h, com uma exposição na Galeria Maumau, no Espinheiro.

A iniciativa, que conta com a coordenação geral da artista Irma Brown, foi viabilizada pela Lei Paulo Gustavo, através do Edital de Ações Criativas para o Audiovisual – Memória, Preservação e Digitalização de Obras, do Governo de Pernambuco. Mais de 350 fitas em formatos analógicos (VHS, Super-VHS, Hi-8 e Mini-DV) passaram por um rigoroso processo de digitalização realizado pelo restaurador audiovisual Tuka Maia, revelando um mosaico da cena cultural de duas décadas atrás. O material ficará disponível no YouTube do projeto Tempo Bruto.

As imagens captadas por Fernando flagram ensaios, performances, exposições, shows, bastidores e personagens da vida artística que borbulhava à margem dos grandes centros culturais. Estão presentes momentos do SPA das Artes, do Festival de Inverno de Garanhuns, de mostras no MAC de Olinda e no Murillo La Greca. Há também recortes do cotidiano da boemia recifense e olindense.

“Teve uma época que eu filmava tudo, por horas. Mas parei de vez em 2010. Agora, vendo essas fitas, redescubro o que vivi”, diz Fernando. “É como abrir uma cápsula do tempo, com crianças que hoje são adultas e lugares que já não existem”.