Um pedacinho da Europa A partir de hoje, o Festival de Cinema Europeu Imovision ocupa duas salas do Cinema da Fundação com 16 filmes que traduzem a diversidade criativa do Velho Continente

Allan Lopes
O repórter viajou a convite da Imovision

Publicação: 24/04/2025 03:00

Quiet Life é um drama dirigido pelo grego Alexandros Avranas (DIVULGAÇÃO/IMOVISION)
Quiet Life é um drama dirigido pelo grego Alexandros Avranas

De hoje até o próximo dia 30, a Europa desembarca na Veneza Brasileira através das telas do Cinema da Fundação, nas salas Derby e Museu, com a primeira edição do Festival de Cinema Europeu Imovision. O evento traz ao Recife o que há de mais relevante na atual produção cinematográfica do Velho Continente. O Viver acompanhou a prévia em São Paulo, onde realizou entrevistas com os cineastas convidados.

A mostra apresenta obras premiadas nos principais circuitos internacionais, como Dreams, do norueguês Dag Johan Haugerud, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2025. Outro destaque é A Luz, de Tom Tykwer (Corra, Lola, Corra), em sua segunda exibição mundial. E Alexandros Avranas volta à cena com Síndrome da Apatia, vitorioso do Prêmio Interfilm em Veneza.

Jean Thomas Bernardini, curador do festival, destaca a singularidade das 16 obras escolhidas: “Cada filme oferece uma perspectiva única sobre o continente. São produções que, independentemente de suas origens, estabelecem um diálogo íntimo com o público. A maioria dos participantes confirmou presença imediatamente e todo o processo de seleção fluiu de maneira orgânica”, revela o francês.

bela Noémie Merlant estrela a nova versão de Emanuelle, dirigida por Audrey Diwan (DIVULGAÇÃO/IMOVISION)
bela Noémie Merlant estrela a nova versão de Emanuelle, dirigida por Audrey Diwan
Entre esses olhares particulares sobre a Europa contemporânea, destaca-se a ousada releitura de Audrey Diwan para o clássico Emmanuelle. “Esse filme fala muito sobre uma solidão bem contemporânea e o desejo que todos temos de nos reconectar”, explica Audrey ao Viver. “A protagonista passa por essa redescoberta do próprio corpo. Para isso, é preciso aceitar suas vulnerabilidades”.

Enquanto Diwan investiga as microrrelações humanas, Frédéric Farrucci amplia o zoom para as macrotensões continentais em O Último Moicano, que se vale do gênero western para tratar de disputas territoriais e políticas. Entre suas referências está Bacurau, dos cineastas Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. “É meu filme brasileiro favorito pela forma como usa o gênero para falar de questões estruturais”, conta Farrucci, antecipando o diálogo que este festival estabelece entre a nova safra europeia e o público pernambucano.