Curtas de jovens brasileiros são vistos em Cannes Foram quatro trabalhos apresentados, sempre feitos por um cineasta do Brasil em parceria com diretores de outros países, com apoio de Karim Aïnouz

Publicação: 15/05/2025 03:00

O trabalho dos jovens cineastas do país foi apresentado já neste início de festival (VALERY HACHE / AFP)
O trabalho dos jovens cineastas do país foi apresentado já neste início de festival

De mitos ancestrais a problemas trabalhistas, passando por um western com uma protagonista transgênero, quatro jovens cineastas brasileiros apresentaram seus curta-metragens, ontem, no 78º Festival de Cinema de Cannes Cannes. Realizados em dupla com um diretor de outro país, estes filmes integram o programa Factory da Quinzena dos Cineastas, uma mostra paralela do festival.

Os filmes foram rodados no Ceará, auspiciados pelo conhecido diretor Karim Aïnouz, natural de Fortaleza e habitué da Croisette. É precisamente no porto gigantesco da capital cearense que é ambientado "Ponto cego", que conta a história de Marta, uma engenheira encarregada das câmeras de segurança das instalações portuárias. Luciana Vieira, originária desta região, e o cubano Marcel Beltrán são os diretores do curta que mostra um entorno onde as mulheres mal podem se queixar.

Stella Carneiro, de Alagoas, e o português Ary Zara também partiram de posições diferentes, mas em seguida se conectaram. Seu curta, "A vaqueira, a dançarina e o porco", é um western no qual uma "cow-girl" transgênero visita sua namorada.

Em "Como ler o vento", Bernardo Ale Abinader, do Amazonas, e a franco-egípcia Sharon Hakim se concentram na preservação dos conhecimentos ancestrais, ao contarem em seu filme como uma curandeira tradicional ensina suas técnicas à sua discípula. O quarto curta-metragem, "A fera do mangue", de Wara, com origens aimarás, e a israelense Noam Shimon, também se aprofunda nas tradições para contar, em tom mitológico, a história de uma mulher que se alimenta da força dos manguezais para enfrentar um agressor.

Os quatro filmes são protagonizados por mulheres e, embora pareça que seus autores combinaram para convergir neste ponto, os jovens cineastas asseguram que se deram conta desta coincidência depois, quando os projetos já haviam sido lançados.

O denominador comum entre as obras é ter como ponto de partida a região do Ceará. O último filme de Aïnouz, "Motel Destino", que disputou a Palma de Ouro no ano passado. (AFP)