Um clássico em novo ato Depois de conquistar gerações na TV, "O Cravo e a Rosa", de Walcyr Carrasco, vira peça estrelada por Marcelo Faria e Paloma Bernardi, em cartaz a partir de hoje no Recife

ALLAN LOPES

Publicação: 30/05/2025 03:00

 (ANTÔNIO FILHO/DIVULGAÇÃO)

Entre 2000 e 2001, na faixa das 18h, milhões de brasileiros paravam diante da TV para acompanhar os capítulos de O Cravo e a Rosa. A obra, assinada por Walcyr Carrasco, marcou uma geração de noveleiros, que ainda puderam revê-la em três reprises ao longo dos anos. Agora, de hoje a domingo, ela sai das telas e chega ao palco do Teatro Luiz Mendonça, em Boa Viagem, com os atores Marcelo Faria e Paloma Bernardi à frente do elenco, recriando, diante do público, o texto leve e divertido que conquistou o país.

Ambientada na São Paulo do final dos anos 1920, O Cravo e a Rosa é inspirada no clássico shakesperiano A Megera Domada e reconta a história do amor turbulento entre Petruchio, um rude fazendeiro à beira da falência, e Catarina, uma herdeira rica e feminista cujo temperamento forte lhe rendeu o apelido de “Fera”. O que começa como um acordo interesseiro – ele precisa do seu dote para saldar dívidas, enquanto ela precisa de um marido para satisfazer convenções sociais –, transforma-se numa divertida batalha de personalidades, em que tapas e beijos se misturam até dar lugar a um romance ardente e inesperado.

À frente da adaptação teatral, o diretor Pedro Vasconcelos e o ator-produtor Marcelo Faria emprestam nova perspectiva ao clássico. Em entrevista exclusiva ao Viver, Marcelo detalha as novidades. “Temos cenas inéditas, novos diálogos, e alguns elementos lúdicos que só o teatro permite explorar, como música ao vivo e um cenário que se transforma diante dos olhos do público”, revela. Além disso, ele conta que há uma atualização sutil nas falas e no comportamento dos personagens. “A essência do original está preservada, mas buscamos dialogar com os tempos de hoje”, afirma o veterano.

Essa abordagem contemporânea se reflete especialmente em Petruchio. Enquanto a versão televisiva, marcada pela interpretação icônica de Eduardo Moscovis, permanece como referência, a encenação propõe um mergulho mais profundo nas ambiguidades do fazendeiro rústico. “Trabalhei bastante para encontrar um equilíbrio entre o exagero cômico e a humanidade do personagem. A linguagem do teatro exige uma presença diferente à da TV, então o corpo, a voz e a relação direta com o público foram pontos-chave”, explica Marcelo, que atuou em clássicos como Top Model e Celebridade e que está longe das novelas da Globo desde 2019, quando fez uma participação em Bom Sucesso.

A peça estará no Luiz Mendonça de hoje até domingo (ANTÔNIO FILHO/DIVULGAÇÃO)
A peça estará no Luiz Mendonça de hoje até domingo


Mas nenhuma construção de Petruchio seria completa sem sua contraparte fundamental. A química com Paloma Bernardi (Catarina) tornou-se o eixo central dessa montagem. “Ela é generosa, tem um timing cômico incrível e também sabe conduzir os momentos mais emocionais com muita sensibilidade. Acreditamos que essa parceria sincera e divertida transparece para o público, criando uma conexão afetiva que vai além do riso”, garante, referindo-se à atriz revelada nacionalmente como a doce Mia da novela Viver a Vida, de Manoel Carlos, em 2009.

E é justamente essa energia contagiante que a dupla pretende entregar ao público pernambucano. “A cidade tem uma tradição cultural riquíssima e um público caloroso, que valoriza o teatro. É sempre especial estrear um espetáculo em um local com tanta energia e história”, destaca Marcelo. “Espero que o público abrace a peça, se divirta, se emocione e, principalmente, sinta essa homenagem que estamos fazendo a uma história tão querida como é O Cravo e a Rosa. Vai ser uma troca linda, tenho certeza”, complementa o ator, com entusiasmo de quem entende que, assim como no embate amoroso entre Petruchio e Catarina, é da troca, do riso e do afeto que nasce a magia do teatro.