Além da fogueira Acordeonista Toninho Ferragutti se une ao Quinteto da Paraíba para concerto gratuito no Pátio de São Pedro

Pedro Ferrer

Publicação: 17/06/2025 03:00

O músico, compositor e arranjador paulista já tocou com nomes como Maria Bethânia e o pernambucano Lenine (OUZA/DIVULGAÇÃO)
O músico, compositor e arranjador paulista já tocou com nomes como Maria Bethânia e o pernambucano Lenine
Em meio à efervescência das festas juninas, em que o acordeon – ou sanfona, como chamamos por aqui – é protagonista, o Recife recebe um dos principais nomes do instrumento, Toninho Ferragutti, para apresentação gratuita junto com o Quinteto da Paraíba. O concerto será no sábado (21), às 17h, na Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Pátio de São Pedro. Uma oportunidade para apreciar uma sonoridade única, através de um passeio harmônico entre a música popular e erudita, traço marcante do trabalho do artista.

Ferragutti se reúne com o Quinteto da Paraíba, formado por Ronedilk Dantas (1º violino), Wilen Moreira (2º violino), Ulisses Silva (viola), Nilson Galvão (violoncelo) e Xisto Medeiros (contrabaixo), com o qual dividiu faixas, há quase duas décadas, no álbum Nem Sol Nem Lua (Biscoito Fino, 2006), e fez uma séria de apresentações ao longo da carreira. Nenhuma delas, entretanto, no Recife, apesar da estreita relação de ambos com a capital pernambucana e os artistas daqui. 

Reconhecido pelo virtuosismo e pelo ecletismo nas composições, Ferragutti se firmou como um dos mais requisitados acordeonistas brasileiros. Já tocou com Gilberto Gil, Maria Bethânia, Mônica Salmaso, Lenine e Chico César, além dos portugueses Maria João e Mário Laginha e de vários grupos importantes, como Orquestra Brasil Jazz Sinfônica, Camerata Romeu e OSESP.

Ao longo de mais de 30 anos de carreira, o músico, compositor e arranjador paulista exibiu seu talento em inúmeros shows e gravações nacionais e internacionais. Já desfilou choros, valsas, sambas, ritmos nordestinos e sulistas, jazz e música instrumental, além de música erudita – retrato desse trânsito entre gêneros, algo raro entre os acordeonistas de nosso país.

Esse diálogo entre os estilos também faz parte da trajetória do Quinteto da Paraíba, um dos mais respeitados grupos de música de câmara do Brasil, reconhecido  pelo importante trabalho de resgate do Movimento Armorial. “Sempre tivemos uma relação muito forte com Pernambuco, principalmente por causa da relação com o Armorial. Desde o início da formação, encontramos um elo muito forte”, conta Xisto. 

O grupo já lançou um álbum em homenagem a dois pernambucanos, Capiba & Gonzagão, e fez shows com Spok e Marco César. Criado no Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba, trafega com versatilidade entre a música de concerto e a música popular e possui seis álbuns próprios gravados, além de parcerias com Xangai, Chico César, Lenine, Sivuca, Virgínia Rosa e Antônio Nóbrega, entre outros grandes nomes. 

O repertório do reencontro resgata faixas do disco Nem Sol Nem Lua até o recente De Sol a Sol (Selo Sesc, 2021). Aquele foi o primeiro no qual o acordeonista gravou composições autorais com um grupo de câmara formado por dois violinos, viola de arco, violoncelo e contrabaixo; justamente o Quinteto da Paraíba.

Seis anos depois, em O Sorriso da Manu (Borandá, 2012), acrescentou piano e percussão a um quinteto com a mesma formação, desta vez com instrumentistas paulistas. De Sol a Sol tem 12 composições inéditas nas quais acordeon e quinteto dividem o protagonismo, pois as músicas foram criadas especialmente para os seis instrumentos. 

Os três álbuns são marcantes na história da música instrumental brasileira pela excelência das composições, dos arranjos e dos músicos que neles estão. São trabalhos que uniram o acordeon, um dos instrumentos mais populares do Brasil, a uma formação tradicional da música erudita mundial – o quarteto de cordas – acrescida do contrabaixo que, entre outras virtudes, é responsável pelo molho fundamental à música brasileira. Toda esse mistura luxuosa, com certeza, encantará o público que for à Igreja de São Pedro dos Clérigos.