Livro aborda as dores e amores no seio familiar Primeiro romance do jornalista e escritor pernambucano Fabson Gabriel Pereira discute as contradições e renovações das relações humanas

ANDRÉ GUERRA

Publicação: 21/07/2025 03:00

O autor prepara o lançamento do seu livro em Pernambuco ainda para este ano (DANIEL MAGALHÃES/DIVULGAÇÃO)
O autor prepara o lançamento do seu livro em Pernambuco ainda para este ano
Misturando as tradições populares do Recife com realismo mágico, o jornalista e escritor Fabson Gabriel Pereira, natural da capital pernambucana, se prepara para lançar seu primeiro romance, Sol e Chifre. Inspirada na sua cidade natal, a obra, publicada pela Editora Patuá, está com sua apresentação para o público marcada para a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), no Rio de Janeiro, no dia 30 de julho. Planejando trazer o lançamento para Pernambuco ainda este ano, o autor é radicado em Valinhos, no interior de São Paulo, e este trabalho reflete consideravelmente a saudade do seu estado.

O livro acompanha a personagem Lena da infância até a terceira idade. Privada do direito de estudar, ela vive em um lar autoritário, desprezada pela madrasta e sentindo na pele o tempo inteiro o peso da exclusão, descobrindo aos poucos uma forma de resistir e reinventar a própria vida. Essa premissa e seus desdobramentos surgem da vontade de Fabson de explorar questões complexas do seio familiar herdadas sem qualquer tipo de escolha.

Formado em Jornalismo pela UFPE, o autor nunca foi estranho à escrita literária. Atuante hoje como profissional de marketing, ele viu nos últimos anos, com as mudanças pelas quais passou, a oportunidade de se dedicar integralmente à ficção. Influenciado por obras como Solo para Vialejo, da pernambucana Cida Pedrosa, e Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez, ele passou a canalizar sua experiência variada com a escrita para ideias profundas sobre narrativas pessoais repletas de brasilidade.

Em conversa com o Viver, o escritor afirma que, apesar de as paisagens e os personagens serem recifenses, o que está em jogo vai além da geografia. “É um livro que atravessa o que é ser humano, e como, dentro de cada relação, a gente tenta encontrar o nosso lugar no mundo”, conta Fabson, que integrou a equipe do Diario por dois anos. “Pernambuco formou meu caráter, me deu dignidade, espírito social. Enquanto São Paulo me mostrou os Brasis dentro do Brasil. Essa junção, porém, veio com algumas inconformidades, e Sol e Chifre nasce do incômodo, da memória, do desejo de transformar o silêncio em palavra”, explica.

Sentimentos contraditórios, dores e amores que caminham lado a lado e solidão misturada à sensação de acolhimento estão entre os assuntos tratados nesta ficção, que convida o leitor a um mergulho sensível em reflexões tão pessoais quanto universais. “Acredito que quem se permitir mergulhar nessas páginas vai se sentir abraçado e talvez até compreendido. Meu maior desejo nessa estreia como romancista era justamente contar a história mais humana que conseguisse. Não vejo a hora de poder apresentá-la para os meus conterrâneos”, projeta o autor.