Livro aborda as dores e amores no seio familiar
Primeiro romance do jornalista e escritor pernambucano Fabson Gabriel Pereira discute as contradições e renovações das relações humanas
ANDRÉ GUERRA
Publicação: 21/07/2025 03:00
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O autor prepara o lançamento do seu livro em Pernambuco ainda para este ano |
O livro acompanha a personagem Lena da infância até a terceira idade. Privada do direito de estudar, ela vive em um lar autoritário, desprezada pela madrasta e sentindo na pele o tempo inteiro o peso da exclusão, descobrindo aos poucos uma forma de resistir e reinventar a própria vida. Essa premissa e seus desdobramentos surgem da vontade de Fabson de explorar questões complexas do seio familiar herdadas sem qualquer tipo de escolha.
Formado em Jornalismo pela UFPE, o autor nunca foi estranho à escrita literária. Atuante hoje como profissional de marketing, ele viu nos últimos anos, com as mudanças pelas quais passou, a oportunidade de se dedicar integralmente à ficção. Influenciado por obras como Solo para Vialejo, da pernambucana Cida Pedrosa, e Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez, ele passou a canalizar sua experiência variada com a escrita para ideias profundas sobre narrativas pessoais repletas de brasilidade.
Em conversa com o Viver, o escritor afirma que, apesar de as paisagens e os personagens serem recifenses, o que está em jogo vai além da geografia. “É um livro que atravessa o que é ser humano, e como, dentro de cada relação, a gente tenta encontrar o nosso lugar no mundo”, conta Fabson, que integrou a equipe do Diario por dois anos. “Pernambuco formou meu caráter, me deu dignidade, espírito social. Enquanto São Paulo me mostrou os Brasis dentro do Brasil. Essa junção, porém, veio com algumas inconformidades, e Sol e Chifre nasce do incômodo, da memória, do desejo de transformar o silêncio em palavra”, explica.
Sentimentos contraditórios, dores e amores que caminham lado a lado e solidão misturada à sensação de acolhimento estão entre os assuntos tratados nesta ficção, que convida o leitor a um mergulho sensível em reflexões tão pessoais quanto universais. “Acredito que quem se permitir mergulhar nessas páginas vai se sentir abraçado e talvez até compreendido. Meu maior desejo nessa estreia como romancista era justamente contar a história mais humana que conseguisse. Não vejo a hora de poder apresentá-la para os meus conterrâneos”, projeta o autor.