Cinesur festeja a riqueza do audiovisual latino Terceira edição do Bonito Cinesur - Festival de Cinema Sul-Americano promoveu a integração do cinema brasileiro com o continente

André Guerra

Publicação: 04/08/2025 03:00


Do dia 25 de julho até o último sábado, o 3º Bonito Cinesur – Festival de Cinema Sul-Americano se tornou o coração pulsante do cinema latino no Brasil. O município sul-mato-grossense, que vem se tornando uma das maiores referências nacionais do ecoturismo, proporcionou uma semana de intensas conexões entre os cinemas e as culturas de diferentes países, com mais de 60 filmes exibidos, entre curtas e longas-metragens.

Destacando-se pela urgência temática e pela carga emocional, o documentário Rua do Pescador Nº 6, de Bárbara Paz, que retrata a devastação da enchente que acometeu o Rio Grande do Sul em maio de 2024, foi merecidamente um dos mais bem recebidos da Mostra de Longas Ambientais do evento. Dedicada a explorar a interseção do cinema com o meio ambiente, a curadoria do Cinesur buscou trazer o máximo possível de filmes cuja abordagem incorporasse discussões sobre sustentabilidade.

O assunto ecológico marca por exemplo um dos mais bonitos curtas exibidos no festival: a animação Lagrimar, dirigida por Paula Vanina, que mostra o encontro entre uma menina andando pela seca em busca de água e uma lagarta. Já o argentino La Falta, de Carmela Sandberg, sobre uma trágica notícia que precisa ser dada a uma menina pequena no colégio sobre sua mãe, consegue um efeito sutilmente brutal em apenas 8 minutos.

Na competição de longas-metragens sul-americanos, tanto o meio ambiente quanto o cinema de gênero foram bem representados pelo terror equatoriano Chuzalongo, dirigido por Diego Ortuño, que se inspira em uma lenda antiga do seu país para narrar uma peculiar história de criança vampira ambientada na mata durante o século 19. “O cinema é um instrumento muito importante para despertar a consciência das pessoas e o Cinesur abre muitas portas entre esses países da América do Sul, que tem tanta coisa em comum”, ressalta o ator Wolfriamo Sinué, um dos protagonistas do filme, em conversa com o Viver.

O Chile não ficou atrás. Oro Amargo, drama de Juan Francisco Olea, mostra uma jovem precisando liderar os trabalhadores de seu pai em uma mina perigosa no deserto do Atacama. Tenso e objetivo, o longa provocou reações intensas, sobretudo graças à interpretação visceral de Katalina Sánchez no papel principal.

O Brasil também marcou forte presença entre os longas exibidos na competição principal, primeiro com o documentário Brasiliana: O Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo, do veterano Joel Zito Araújo (de A Negação do Brasil), sobre a companhia de teatro que dá título ao filme e seu impacto entre as décadas de 1950 e 1970. Já ao final, veio o drama A Melhor Mãe do Mundo, de Anna Muylaert (de Que Horas Ela Volta?), grande vencedor do 29º Festival Cine-PE, que trata da catadora de lixo (vivida por Shirley Cruz) que atravessa a cidade de São Paulo com seus filhos em uma carroça.

Com a presença de grandes nomes prestigiando o evento, como Antônio Pitanga, Maeve Jinkings, Thiago Lacerda e Cláudia Ohana, entre outros, o Bonito Cinesur cresce mais a cada ano.