ETIENE MEDEIROS // ESPORTES »
O maior nome da história da natação feminina brasileira
Quebrando paradigmas, ela alcançou resultados nunca antes obtidos em mundiais
Alexandre Barbosa
alexandre.barbosa@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 02/12/2017 03:00
Etiene Medeiros tinha 21 anos quando deixou a casa dos pais, no Recife, para treinar no Rio de Janeiro. Um ano depois, seguiu para São Paulo. Sabia que tinha um mundo a ganhar. O potencial da nadadora era visível, desde suas primeiras braçadas nas equipes do Sport e Nikita Sesi. Hoje, aos 26 anos, ela é uma realidade. Seus tempos e resultados nos dois últimos anos a colocaram no patamar das melhores nadadoras do mundo. Com uma série de protagonismos ao longo da carreira, tornou-se o maior nome da história da natação feminina do Brasil.
A lista de feitos é grande. Aos poucos, Etiene foi quebrando paradigmas, alcançando resultados nunca antes obtidos por atletas brasileiras. Estão no vasto currículo dela uma série de marcas inéditas para o Brasil. A pernambucana começou cedo. Em 2008, aos 17 anos, ainda sob a batuta do técnico Nikita, foi a primeira atleta do país a ir ao pódio num campeonato mundial, na época, da categoria júnior, levando a prata nos 50m costas. Uma espécie de prenúncio, uma prova de que o talento morava ali. Mas era preciso trabalho. Muito trabalho. Etiene sabia disso e estava disposta a se doar.
Na fase adulta, Etiene despontou a partir de 2014. Em grande estilo. Naquele ano, de uma só vez, foi a primeira brasileira medalhista e campeã de um mundial em piscina curta, com o ouro nos 50m costas, em Doha, no Catar - com direito a recorde mundial, nos 50m costas. Em 2015, levou o primeiro ouro feminino da história do país em Jogos Pan-Americanos, em Toronto, no Canadá, nos 100m costas. Logo em seguida, tornou-se a primeira brasileira a subir no pódio em um Mundial de piscina longa, ao conquistar a prata nos 50m costas na competição disputada em Kazan, na Rússia. No ano seguinte, em 2016, venceu novamente os 50m costas no mundial de piscina curta, em Windsor, no Canadá.
É preciso ter tanto fôlego quanto Etiene para acompanhar suas marcas e ineditismos. Na Olimpíada do Rio, em 2016, foi a única brasileira a alcançar uma final, nos 50m livre, terminando em oitavo lugar. Não parou por aí. Em 2017, mais história nas piscinas. Se no Mundial de piscina longa de Kazan ela havia ficado com a prata, dois anos depois, no Mundial de Budapeste, na Hungria, foi ao lugar mais alto do pódio. Foi a primeira brasileira medalha de ouro nesta competição, vencendo os 50m costas. Deixou para trás sua algoz no torneio passado, a chinesa Yuanhui Fu. “Para trás” é força de expressão, porque a diferença entre as duas foi de apenas um centésimo.
Experiência marcante
Tantas marcas, tantas conquistas inéditas. Mas um momento em especial marcou Etiene para sempre: a experiência na Olimpíada do Rio. Foi a primeira da carreira dela, logo em casa, sob uma forte pressão. A pernambucana já chegou aos Jogos com os holofotes, a esperança de um resultado para a natação feminina. Mas ela sabia: sair com uma medalha era um sonho distante. Ainda era cedo demais.
A participação de Etiene na Olimpíada do Rio foi carregada de emoções. O início não foi bom. Foi mal na prova em que tinha a maior expectativa, os 100m costas, sua especialidade. Confessa: “Saí dali pensando: ‘O que é que eu estou fazendo aqui?’”, contou ela, tempos depois, em entrevista ao Diario. Foi preciso parar, respirar e recuperar o fôlego. Havia ainda mais duas provas a disputar. Nos 100m livre, um reaquecimento. Sem o peso da exigência do resultado, foi até onde poderia e alcançou a semifinal. A redenção estava por vir.
Os resultados mais recentes antes da Olimpíada convergiam para uma boa expectativa quanto à última prova de Etiene no Rio, os 50m livre. Ao mesmo tempo, trata-se de uma das mais disputadas do programa olímpico, tanto, que ocorre no último dia de competições. É uma prova rápida, que não dá chance ao erro. Exige forte preparação, técnica e concentração. A pernambucana foi lá e fez o que melhor sabe fazer. Nadou o seu melhor, ficou entre as oito melhores do mundo - terminou na oitava colocação. Na época, desabafou. “Tirei um peso enorme das costas”.
O futuro: Tóquio-2020
A participação na segunda Olimpíada é o próximo grande objetivo. Em Tóquio-2020, Etiene sonha em ir mais longe. Mas sabe que tem todo um ciclo olímpico pela frente. Não é fácil e a pressão sofrida antes do Rio ensinou bastante. A experiência, claro, deve ajudar. A pernambucana sabe que o futuro, no esporte, é construído aos poucos. “Perseverança. Insistência. Resiliência. Atleta tem muito disso. Que seja daqui a quatro anos, mas é algo construído. Hoje eu tenho o resultado, mas é algo que foi construído há muitos anos”, afirma a nadadora.
O futuro de Etiene passa, também, pela escolha das provas. A Olimpíada do Rio e os resultados recentes ensinaram à atleta que a velocidade é um dos caminhos a se investir. É certo que na programação dela os 50m livre estão garantidos. As demais exigirão um estudo e um planejamento maiores. No mês de novembro, a nadadora disputou duas etapas da Copa do Mundo de natação na Ásia. Era um desejo antigo, para medir a evolução do trabalho que faz no Sesi-SP, seu clube em São Paulo. A passagem por terras asiáticas - ela competiu no Japão e em Cingapura - marcou o reencontro com a prova dos 100m costas. E isso significou muito para ela, principalmente, levando em conta os planos futuros.
O retorno às competições nos 100m costas deixou a atleta satisfeita
Após competir mal na Olimpíada nos 100m costas, Etiene deu um tempo na prova. Desde que começou a se destacar, esta era a sua especialidade. Durante muito tempo, a pernambucana imaginou que conquistaria grandes resultados nela. Não aconteceu. Dar um tempo foi preciso. O retorno às competições nos 100m costas deixou a atleta satisfeita e assim o “xodó” volta a ser cogitado. É, hoje, mais uma possibilidade dentro do seu leque.
Em dezembro, Etiene fecha a temporada no torneio Open, no Rio de Janeiro, já num clima mais leve. No início de 2017, por sinal, ela mesma admitiu que não pegaria tão pesado nesse ano pós-Olimpíada. Tirou um período de férias maior, curtiu a família e o Recife, para onde sempre corre quando pode. Dedicou-se a projetos como a clínica batizada de “Nado por tudo” que reúne, além da nadadora, boa parte da equipe que a acompanha no Sesi-SP. Com menos pressão, principalmente, de si mesma, teve um ótimo ano. Comprovou que está no caminho certo. Ninguém melhor sabe que respirar e recuperar o fôlego é necessário. Afinal, em 2018, começa tudo de novo.
A lista de feitos é grande. Aos poucos, Etiene foi quebrando paradigmas, alcançando resultados nunca antes obtidos por atletas brasileiras. Estão no vasto currículo dela uma série de marcas inéditas para o Brasil. A pernambucana começou cedo. Em 2008, aos 17 anos, ainda sob a batuta do técnico Nikita, foi a primeira atleta do país a ir ao pódio num campeonato mundial, na época, da categoria júnior, levando a prata nos 50m costas. Uma espécie de prenúncio, uma prova de que o talento morava ali. Mas era preciso trabalho. Muito trabalho. Etiene sabia disso e estava disposta a se doar.
Na fase adulta, Etiene despontou a partir de 2014. Em grande estilo. Naquele ano, de uma só vez, foi a primeira brasileira medalhista e campeã de um mundial em piscina curta, com o ouro nos 50m costas, em Doha, no Catar - com direito a recorde mundial, nos 50m costas. Em 2015, levou o primeiro ouro feminino da história do país em Jogos Pan-Americanos, em Toronto, no Canadá, nos 100m costas. Logo em seguida, tornou-se a primeira brasileira a subir no pódio em um Mundial de piscina longa, ao conquistar a prata nos 50m costas na competição disputada em Kazan, na Rússia. No ano seguinte, em 2016, venceu novamente os 50m costas no mundial de piscina curta, em Windsor, no Canadá.
É preciso ter tanto fôlego quanto Etiene para acompanhar suas marcas e ineditismos. Na Olimpíada do Rio, em 2016, foi a única brasileira a alcançar uma final, nos 50m livre, terminando em oitavo lugar. Não parou por aí. Em 2017, mais história nas piscinas. Se no Mundial de piscina longa de Kazan ela havia ficado com a prata, dois anos depois, no Mundial de Budapeste, na Hungria, foi ao lugar mais alto do pódio. Foi a primeira brasileira medalha de ouro nesta competição, vencendo os 50m costas. Deixou para trás sua algoz no torneio passado, a chinesa Yuanhui Fu. “Para trás” é força de expressão, porque a diferença entre as duas foi de apenas um centésimo.
Experiência marcante
Tantas marcas, tantas conquistas inéditas. Mas um momento em especial marcou Etiene para sempre: a experiência na Olimpíada do Rio. Foi a primeira da carreira dela, logo em casa, sob uma forte pressão. A pernambucana já chegou aos Jogos com os holofotes, a esperança de um resultado para a natação feminina. Mas ela sabia: sair com uma medalha era um sonho distante. Ainda era cedo demais.
A participação de Etiene na Olimpíada do Rio foi carregada de emoções. O início não foi bom. Foi mal na prova em que tinha a maior expectativa, os 100m costas, sua especialidade. Confessa: “Saí dali pensando: ‘O que é que eu estou fazendo aqui?’”, contou ela, tempos depois, em entrevista ao Diario. Foi preciso parar, respirar e recuperar o fôlego. Havia ainda mais duas provas a disputar. Nos 100m livre, um reaquecimento. Sem o peso da exigência do resultado, foi até onde poderia e alcançou a semifinal. A redenção estava por vir.
Os resultados mais recentes antes da Olimpíada convergiam para uma boa expectativa quanto à última prova de Etiene no Rio, os 50m livre. Ao mesmo tempo, trata-se de uma das mais disputadas do programa olímpico, tanto, que ocorre no último dia de competições. É uma prova rápida, que não dá chance ao erro. Exige forte preparação, técnica e concentração. A pernambucana foi lá e fez o que melhor sabe fazer. Nadou o seu melhor, ficou entre as oito melhores do mundo - terminou na oitava colocação. Na época, desabafou. “Tirei um peso enorme das costas”.
O futuro: Tóquio-2020
A participação na segunda Olimpíada é o próximo grande objetivo. Em Tóquio-2020, Etiene sonha em ir mais longe. Mas sabe que tem todo um ciclo olímpico pela frente. Não é fácil e a pressão sofrida antes do Rio ensinou bastante. A experiência, claro, deve ajudar. A pernambucana sabe que o futuro, no esporte, é construído aos poucos. “Perseverança. Insistência. Resiliência. Atleta tem muito disso. Que seja daqui a quatro anos, mas é algo construído. Hoje eu tenho o resultado, mas é algo que foi construído há muitos anos”, afirma a nadadora.
O futuro de Etiene passa, também, pela escolha das provas. A Olimpíada do Rio e os resultados recentes ensinaram à atleta que a velocidade é um dos caminhos a se investir. É certo que na programação dela os 50m livre estão garantidos. As demais exigirão um estudo e um planejamento maiores. No mês de novembro, a nadadora disputou duas etapas da Copa do Mundo de natação na Ásia. Era um desejo antigo, para medir a evolução do trabalho que faz no Sesi-SP, seu clube em São Paulo. A passagem por terras asiáticas - ela competiu no Japão e em Cingapura - marcou o reencontro com a prova dos 100m costas. E isso significou muito para ela, principalmente, levando em conta os planos futuros.
O retorno às competições nos 100m costas deixou a atleta satisfeita
Após competir mal na Olimpíada nos 100m costas, Etiene deu um tempo na prova. Desde que começou a se destacar, esta era a sua especialidade. Durante muito tempo, a pernambucana imaginou que conquistaria grandes resultados nela. Não aconteceu. Dar um tempo foi preciso. O retorno às competições nos 100m costas deixou a atleta satisfeita e assim o “xodó” volta a ser cogitado. É, hoje, mais uma possibilidade dentro do seu leque.
Em dezembro, Etiene fecha a temporada no torneio Open, no Rio de Janeiro, já num clima mais leve. No início de 2017, por sinal, ela mesma admitiu que não pegaria tão pesado nesse ano pós-Olimpíada. Tirou um período de férias maior, curtiu a família e o Recife, para onde sempre corre quando pode. Dedicou-se a projetos como a clínica batizada de “Nado por tudo” que reúne, além da nadadora, boa parte da equipe que a acompanha no Sesi-SP. Com menos pressão, principalmente, de si mesma, teve um ótimo ano. Comprovou que está no caminho certo. Ninguém melhor sabe que respirar e recuperar o fôlego é necessário. Afinal, em 2018, começa tudo de novo.
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