De olho no sobe e desce do mercado Quem trabalha com tecnologia, vendas, cadeia de suprimentos, auditoria e tesouraria tem navegado em águas mais tranquilas durante a recessão

Do Correio Braziliense

Publicação: 10/07/2016 03:00

A crise política e econômica gerou uma série de dificuldades, principalmente quando o assunto é trabalho. No entanto, nem tudo é motivo para pessimismo: algumas áreas crescem em meio ao caos e demandam determinados profissionais para auxiliar empresas a sobreviverem ao mau momento. Além de serem mais procurados, trabalhadores de algumas áreas podem ter incremento salarial, além de ganharem importância dentro das empresas.

O Guia Salarial da Robert Half analisou as carreiras que sofrem valorização. Daniela Ribeiro, gerente-sênior da Robert Half, explica que a pesquisa analisou tendências também para 2017 e avalia que, na crise, o sobe e desce das carreiras se inverte. “As pessoas não estão comprando nem carro nem casas — por isso a engenharia está em baixa —, então optam por reformá-las, e profissionais de decoração são mais procurados”, exemplifica.

Entre os ramos que devem ser mais valorizados, Daniela aponta vendas, finanças e cadeia de suprimentos. Ainda segundo ela, a ascensão das carreiras de tecnologia deve ser de longo prazo. “Na parte de software, porque as pessoas se tornaram dependentes das facilidades tecnológicas; e em hardware, pois empresas se atualizam (o que pode reduzir custos) e investem, mesmo durante a recessão”, garante. “Tudo relacionado à tecnologia, internet e e-commerce prosperará agora”, complementa Josué Bressane Júnior, sócio-diretor da consultoria Falconi Gente.

Ele percebe a valorização de funções como gerente de comunidade, que trabalha com reclamação de usuários; criador de conteúdos para páginas da web; gerente de marketing online; e desenvolvedor. A estudante de publicidade Isabella Bottino, 20, deseja construir carreira em mídias sociais e faz estágio na área numa agência de marketing. “Percebo uma preocupação cada vez maior com a presença de marcas na internet e um crescimento na busca por profissionais do ramo.”

Para o administrador Sílvio Celestino, sócio da Alliance Coaching, áreas como manutenção de máquinas, resolução de problemas, cobrança, tecnologia da informação, RH, aplicativos e redes sociais estão em um bom momento. “É preciso ficar de olho nas oportunidades que surgem de necessidades do mercado. Com a crise, é cada vez maior o número de pessoas que não conseguem pagar suas contas, por isso são mais procurados trabalhadores da área de cobrança”, exemplifica.

Apesar de determinados perfis serem mais valorizados, isso não quer dizer que qualquer um conseguirá emprego: os recrutadores estão mais exigentes. A percepção é reiterada pelo contador Hugo Justino, 28, que trabalha como analista contábil em uma empresa privada e é sócio de uma organização de contabilidade. “A época é ruim, houve uma queda no número de vagas, e só conquista as oportunidades existentes quem tem um bom currículo”, opina.

O setor de recursos humanos também vem sendo procurado pelas empresas para alinhar ações estratégias para o futuro. Marilyn Joos, 53, é assessora estratégica de Recursos Humanos do grupo empresarial Brasal. Segundo ela, a companhia não fez demissões significativas por causa da crise. “Os profissionais de gestão de pessoas já desempenhavam um papel de peso na firma antes da recessão. A tendência, no entanto, é que, em companhias em que situação não é assim, profissionais de RH ganhem valor.”

Antes de ficar de olho no aquecimento ou no desaquecimento da área, ela aposta em ter um bom desempenho. “Sempre acreditei que, quando o profissional tem alta performance, o campo é sempre promissor.” Investir em educação também é fundamental. “Quem não busca conhecimento não se solidifica.”

Tendências

Veja os destaques da pesquisa da Robert Half

Área comercial

As empresas estão mais exigentes, buscam pessoal com experiência e competência técnica que consigam resultados de curto prazo. O profissional da área precisa entender a realidade dos clientes e atingir conquistas que façam o consumidor e a empresa ganharem.

Cadeia de suprimentos
Pressão por gerar redução de custos em compras e logística. O profissional precisa ter conhecimento técnico da cadeia produtiva e perfil crítico para a otimização de processos, escolhendo opções de melhor custo-benefício.

Recursos humanos
Grande enfoque é dado aos parceiros de negócios. O profissional precisa entender empresa e colaboradores, fazendo uma ponte entre a área e o suporte. Ele precisa ter uma visão estratégica e desempenhar um papel consultivo, aconselhando em que áreas a companhia pode mudar para melhorar seu funcionamento. A área de remuneração e benefícios também ganha destaque.

Resseguros
A operação de resseguro permite que a seguradora diminua a responsabilidade em relação a um risco. O profissional formaliza um contrato em que assume o compromisso de indenizar a seguradora pelos danos que possam ocorrer em decorrência de suas apólices e está em alta porque em período de crise o grande interesse é evitar perdas.

Compliance
Área responsável por garantir que as vendas da empresa sejam lucrativas, mas dentro das normas. É bastante valorizada por evitar o pagamento de multas e taxas desnecessárias.

Tesouraria
Trabalha com a saúde financeira do fluxo de caixa, de forma que as vendas paguem as contas e deem lucro. É muito valorizado pelo fato de as empresas estarem se preocupando mais com as finanças.

Auditoria
Fiscaliza o fluxo do dinheiro, revisa planilhas do orçamento e avalia se o capital é coerente com as vendas e os pagamentos da empresa.

Fonte: Robert Half