Aumento dos casos e melhoria no diagnóstico

Publicação: 24/12/2016 09:00

De acordo com Kerim Munir, o aumento no número de casos deve-se, em parte, a uma melhora no diagnóstico. “Estamos mais cuidadosos e fazendo diagnósticos melhores. As pessoas também estigmatizam menos o distúrbio, então começam a assumi-lo mais. Há muitas explicações, mas ainda assim há um aumento real. Em 1980, a taxa global era de uma em cada duas mil pessoas. Em 2014, contudo, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos encontrou uma taxa de uma em cada 68. É um aumento de mais de 24 vezes. É claro que uma em duas mil não refletia a realidade, deveria haver muito mais indivíduos não diagnosticados. Mas, se pegarmos os dados dos últimos 30 anos, chegamos a número 10 vezes maior e não podemos ignorar isso.”

O psiquiatra destaca que, apesar do crescimento gigantesco, não se sabe dizer o que há por trás disso. “Não há explicação. Sabemos que a principal causa do autismo é genética, mas isso não explica. Não tem como dar um salto tão grande nessas taxas apenas por causa de fatores genéticos, porque para isso precisaria ter passado muito mais tempo. Isso causa um questionamento muito grande nas famílias que têm filhos com autismo. Elas querem saber as causas”, diz. O médico afirma que, por enquanto, as pesquisas apontam para a combinação entre predisposição genética e fatores ambientais, como exposição a poluição e a determinados agentes químicos, como pesticidas.

Uma das recomendações do relatório Autismo, um quadro global para ação é que os governos se comprometam a investir em inciativas que busquem tratamentos eficazes, visando minimizar o impacto do autismo na vida das crianças e de suas famílias, enquanto a cura permanece desconhecida. “Crianças com autismo precisam de intervenções que mirem especialmente as habilidades de comunicação e linguagem, e esses serviços devem ser oferecidos o mais cedo possível”, destaca Tara A. Lavele, pesquisadora da Universidade de Harvard e coautora do documento. “Essas intervenções devem incluir estratégias para que elas desenvolvam habilidades de forma a ter maior autonomia possível, inclusive, com acesso ao mercado de trabalho”, conclui.

A repórter viajou a convite da Qatar Foundation