Por que gostamos tanto de ver filmes de terror?
Estudo tenta decifrar os mecanismos que transformam o medo que vem das telas em algo agradável ao espectador
Publicação: 08/02/2020 03:00
O medo é uma das sensações mais abominadas pelo homem. Mas, ao mesmo tempo, o terror é um gênero cinematográfico bastante popular. Esse aparente paradoxo foi objeto de pesquisa de cientistas europeus, que tentaram compreender, a partir de testes de neuroimagem, por que as pessoas lotam salas de cinema com o objetivo de passar cerca de duas horas em um estado de pavor crescente.
A conclusão do estudo, publicado na revista NeuroImage, foi de que, enquanto se assiste a uma obra desse tipo, o cérebro ativa gradativamente regiões que trabalham na preparação de um “plano” para escapar do perigo. Essa sensação de excitação é prazerosa. Especialmente porque, quando sobem os letreiros, todos estão a salvo.
Os autores do estudo explicam que as redes de neurônios responsáveis pela sensação de medo estão bem definidas pela ciência, mas destacam que pesquisas que tentaram visualizar o medo no cérebro têm algumas limitações. Isso porque boa parte delas foi feita com base em fotografias mostradas a voluntários, que eram monitorados enquanto as analisavam.
“A vida real não é assim. Somos confrontados com um fluxo constante de informações sempre em mudança e nosso cérebro precisa acompanhar constantemente nosso ambiente complexo”, destacou ao Correio Braziliense/Diario Matthew Hudson, um dos autores do estudo e professor de psicologia do Colégio Nacional da Irlanda.
Para o cientista, os filmes de terror são uma ferramenta perfeita para ultrapassar essas barreiras de análise. “Imagine que você está andando por um beco escuro à noite. De repente, um barulho alto — uma garrafa de vidro quebra. Você olha em volta e dá de cara com um gato fugindo. Uma sensação de alívio ocorre. Isso é difícil de capturar em experimentos simples. Portanto, usamos filmes de terror para refletir o ambiente complexo e em constante mudança em que vivemos, e dessa forma entender melhor como a atividade cerebral muda nesses cenários”, explica Hudson.
No estudo, 37 voluntários assistiram a um filme de terror enquanto os cientistas mediam a atividade neural por meio de um scanner de ressonância magnética. Eles observaram que, nos momentos em que a ansiedade aumenta lentamente, as regiões do cérebro envolvidas na percepção visual e auditiva tornam-se mais ativas, o que se intensifica à medida em que a sensação de ameaça vai crescendo. Depois do choque repentino provocado pela ficção, os neurônios ficaram mais ativos nas regiões envolvidas no processamento emocional, na avaliação de ameaças e na tomada de decisão. O cérebro estava se preparando para uma resposta rápida.
“A descoberta mais importante, para mim, foi que, embora existam várias áreas cerebrais ativas quando os participantes ficam ‘preocupados’ e um conjunto diferente de áreas cerebrais ativas ao lidar com um ‘súbito susto’, essas regiões estão em constante comunicação durante todo o filme”, diz Hudson. “É como se o cérebro estivesse se preparando para uma ameaça em potencial, elaborando a resposta ao perigo antes que ele realmente ocorra.”
Empolgação
De acordo com o cientista, o experimento mostra que o comportamento humano não não muda repentinamente de um modo para outro. “O que existe é um elemento dinâmico gradual e antecipatório, e que se altera lentamente à medida que o ambiente muda.”
Como foi feito o estudo
A conclusão do estudo, publicado na revista NeuroImage, foi de que, enquanto se assiste a uma obra desse tipo, o cérebro ativa gradativamente regiões que trabalham na preparação de um “plano” para escapar do perigo. Essa sensação de excitação é prazerosa. Especialmente porque, quando sobem os letreiros, todos estão a salvo.
Os autores do estudo explicam que as redes de neurônios responsáveis pela sensação de medo estão bem definidas pela ciência, mas destacam que pesquisas que tentaram visualizar o medo no cérebro têm algumas limitações. Isso porque boa parte delas foi feita com base em fotografias mostradas a voluntários, que eram monitorados enquanto as analisavam.
“A vida real não é assim. Somos confrontados com um fluxo constante de informações sempre em mudança e nosso cérebro precisa acompanhar constantemente nosso ambiente complexo”, destacou ao Correio Braziliense/Diario Matthew Hudson, um dos autores do estudo e professor de psicologia do Colégio Nacional da Irlanda.
Para o cientista, os filmes de terror são uma ferramenta perfeita para ultrapassar essas barreiras de análise. “Imagine que você está andando por um beco escuro à noite. De repente, um barulho alto — uma garrafa de vidro quebra. Você olha em volta e dá de cara com um gato fugindo. Uma sensação de alívio ocorre. Isso é difícil de capturar em experimentos simples. Portanto, usamos filmes de terror para refletir o ambiente complexo e em constante mudança em que vivemos, e dessa forma entender melhor como a atividade cerebral muda nesses cenários”, explica Hudson.
No estudo, 37 voluntários assistiram a um filme de terror enquanto os cientistas mediam a atividade neural por meio de um scanner de ressonância magnética. Eles observaram que, nos momentos em que a ansiedade aumenta lentamente, as regiões do cérebro envolvidas na percepção visual e auditiva tornam-se mais ativas, o que se intensifica à medida em que a sensação de ameaça vai crescendo. Depois do choque repentino provocado pela ficção, os neurônios ficaram mais ativos nas regiões envolvidas no processamento emocional, na avaliação de ameaças e na tomada de decisão. O cérebro estava se preparando para uma resposta rápida.
“A descoberta mais importante, para mim, foi que, embora existam várias áreas cerebrais ativas quando os participantes ficam ‘preocupados’ e um conjunto diferente de áreas cerebrais ativas ao lidar com um ‘súbito susto’, essas regiões estão em constante comunicação durante todo o filme”, diz Hudson. “É como se o cérebro estivesse se preparando para uma ameaça em potencial, elaborando a resposta ao perigo antes que ele realmente ocorra.”
Empolgação
De acordo com o cientista, o experimento mostra que o comportamento humano não não muda repentinamente de um modo para outro. “O que existe é um elemento dinâmico gradual e antecipatório, e que se altera lentamente à medida que o ambiente muda.”
Como foi feito o estudo
- 37 voluntários assistiram a um filme de terror enquanto cientistas mediam a atividade neural por scanner de ressonância magnética;
- Nos momentos em que a ansiedade aumenta lentamente, as regiões do cérebro envolvidas na percepção visual e auditiva tornam-se mais ativas;
- O fenômeno se intensifica à medida em que a sensação de ameaça vai crescendo;
- Depois do choque repentino, os neurônios ficam mais ativos nas regiões envolvidas no processamento emocional, avaliação de ameaças e tomada de decisão;
- A conclusão é de que o cérebro está se preparando para uma resposta rápida ao perigo, antes que aconteça, o que gera sensação prazerosa.
Saiba mais...
Pavor se apresenta em duas versões