Infecção urinária deve ser levada a sério Problema que afeta oito em cada dez mulheres é ainda mais comum no verão. Em alguns casos, bactéria chega ao sangue

ALICE DE SOUZA
alice.souza@diarriodepernambuco.com.br

Publicação: 21/01/2017 03:00

 (Arte: Silvino/DP)
Oito em cada dez mulheres já sofreram ou sofrerão em algum momento da vida com infecção urinária. Caracterizada por dores fortes, maior necessidade de urinar e às vezes até a excreção de sangue, a doença se não tratada por levar a complicações maiores, como a introdução da bactéria no sangue, uma infecção generalizada ou até a morte. A incidência da infecção urinária aumenta durante o período de verão, quando há um descuido com a hidratação constante e também com a alimentação e, segundo os especialistas, as mulheres precisam manter a atenção redobrada nesta época do ano.

A infecção urinária ocorre quando bactérias entram pelo canal da uretra, alojando-se no tratro urinário. Em casos mais simples, ela pode atingir a bexiga (cistite) e, em algumas situações, os rins (pielonefrite). Em alguns casos, a bactéria chega ao estágio mais grave e atinge o sangue. As mulheres têm maior predisposição à infecção urinária em função do tamanho da uretra. “No homem, a bactéria tem que percorrer todo o pênis e a próstata. No caso da mulher, a uretra tem entre quatro e cinco centímetros, é mais fácil de ela chegar à bexiga”, esclareceu o urologista do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e do Hospital Santa Joana Recife Guilherme Maia.

A desidratação é uma das causas mais frequentes de infecção urinária. O recomendado é durante o verão, com o aumento das temperaturas, beber cerca de três litros d’água por dia. A média recomendada para o restante do ano são dois litros. A utilização de roupas úmidas durante por tempo prologado, como sungas e biquínis, facilita a proliferação de bactérias e por isso também é rechaçada pelos médicos. São fatores de predisposição ainda relações sexuais, infecções vaginais, diabetes, tabagismo, consumo de café, cálculo renal não tratado, imunidade baixa, tratamentos quimoterápicos e má higiene.

A infecção urinária é classificada em complicada, aquela que ocorre em pacientes com alguma comorbidade ou com mais de 45 anos, e não complicada, em pacientes jovens, sem histórico de febre ou dor nas costas. O tratamento é realizado com antibiótico e pode variar de três a 21 dias, a depender do quadro. Outro tipo de infecção é aquela de repetição, quando ocorre mais de duas vezes ao ano. Para esses casos, o tratamento com antibiótico pode ser prolongado por até seis meses ou pode ser feito uso de comprimidos de vitamina C com extrato de cranberry, orientados pelo médico.

Outras doenças
Não é só a incidência de infecção urinária que aumenta durante o verão. Em função da desidratação, também costumam ocorrer mais situações de cálculo renal entre as mulheres, problema popularmente conhecido como pedra nos rins. O tratamento pode ocorrer com medicamentos ou intervenção cirúrgica, mas muitas mulheres acabam retardando a procura do especialista.

“Depois da infecção, tive também uma hidronefrose na gravidez e senti novamente a dor. Hoje ando com uma garrafa de 500ml para todo canto”, Iris Letierre, estudante, 37 anos, que não tinha o hábito de beber água com frequência até sentir efeitos da doença

Risco aumenta durante a gestação

Durante a gestação, as chances de uma mulher desenvolver infecção urinária aumentam. O risco de ter cálculo renal também cresce de três a quatro vezes quando comparado à da população geral. Por isso, o recomendado é fazer o acompanhamento de qualquer alteração, irritação ou dor no trato urinário ou aparelho reprodutor. Inclusive para evitar confusão com as mudanças no corpo decorrentes do período de gravidez.

“Na gestação, o hormônio progesterona dilata os uretéres e lentifica um pouco a excreção da urina. E com a urina mais parada, formam-se cristais que se juntam e formam pedras”, explicou o urologista Guilherme Maia. Segundo ele, o diagnóstico é complexo, em função das limitações da grávida para realização de exames como tomografia.

Os sintomas para identificar são a dor intensa, súbida, ardência ao urinar e excreção de sangue. A febre é um sinal de alerta, pois pode significar uma evolução rápida e prejudicar o feto. A prevenção ocorre com maior ingesta de água por dia. O mais comum é que os cálculos apareçam no segundo e terceiro trimestre, quando o feto fica maior e comprime a bexiga e o útero. Já sintomas como odor e ardência podem significar uma infecção urinária e precisam ser diagnosticados com rapidez para evitar uma sepse.

A infecção urinária
  • 50% a 80% das mulheres terão um episódio de cistite ao longo da vída
  • 20% a 50% dequelas diagnosticadas terão recorrência
  • 80 a 85% das infecções urinárias são causadas pela bactéria Escherichia coli
Como prevenir
  • Beber pelo menos dois litros de água por dia (três em época de verão)
  • Evitar usar roupas íntimas úmidas por tempo prolongado
  • Alimentar-se bem para evitar baixa de imunidade
  • Fazer a correta assepsia
  • Evitar longos períodos sem esvaziar a bexiga
Fatores de risco
  • Aumento da frequência de relações sexuais
  • Uso de agentes espermicidas
  • Diabetes
  • Tabagismo
  • Prolapso genital (bexiga caída)
  • Retenção de urina
  • Incontinência urinária
  • Menopausa
Doenças que podem ser tratadas com urologista
  • Incontinência Urinária: perda involuntária da urina que acontece com o enfraquecimento dos músculos da pelve e da bexiga
  • Cálculo renal: cristalização de sais minerais presentes na urina, popularmente conhecida como pedra nos rins
  • Infecção urinária: causada por bactérias que entram pelo canal da uretra e se alojam no trato urinário
  • Bexiga hipertativa: caracterizada pela vontade incontrolável de urinar, é mais comum em mulheres
Fonte: Urologista Guilherme Maia e Portal da Urologia (Sociedade Brasileira de Urologia)