No ritmo de festa Aulas de danças coreografadas e com músicas de sucesso lotam os espaços de musculação, aumentando em 50% o número de alunos

Vitor Nascimento | especial para o Diario | vitor.nascimento@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 05/08/2017 03:00

Não se espante se, além dos espelhos e máquinas para musculação, você encontrar, dentro de uma sala espaçosa, várias pessoas executando no mesmo ritmo a coreografia de uma música de sucesso. Muitas academias no Recife estão investindo cada vez mais na dança, especialmente as coreografadas, em aulas com grande quantidade de pessoas. “Em cerca de um ano, tivemos um incremento quantitativo em número de alunos de 50%”, explica Paulo de Souza, 24 anos, coordenador de ginástica e professor de dança na Academia Life, localizada na Jaqueira, Zona Norte do Recife.

E não foi só a quantidade de alunos que aumentou, as aulas tiveram que crescer junto com a demanda. “A mídia em questão levantou essa ideia, grupos se formaram e tomaram conta da internet com vídeos que viralizaram. Por isso é relevante dizer que a dança de academia virou um produto de mercado”, garante Paulo. Essa tendência é o que, segundo ele, trouxe um diferencial para o negócio durante a crise. “Você junta uma aula mais elaborada com músicas atuais, as salas lotam. Muita gente procura a academia só por conta da dança.”

Uma dessas pessoas é a estudante de fisioterapia Aysla Christiany, 22 anos. Ela afirma que sempre gostou de dançar, mas nunca levou a atividade tão a sério como agora. “Voltei a dançar em janeiro, e comecei a preferir as aulas na academia, principalmente por serem mais dinâmicas e por terem músicas atuais com muitas coreografias tiradas dos vídeos na internet”. Foi por conta dessas aulas que a estudante pagou o pacote mais caro, o anual. “Não gosto de musculação, prefiro atividades relacionadas a ginástica e a dança foi um importante diferencial para mim”, afirma.

A Yes Fit e sua unidade no Arruda é um outro bom exemplo de negócio, que com a dança, manteve uma tendência de aumento quantitativo de pessoas. Cerca de 20% dos alunos renovam seus pacotes por conta das aulas além dos 10% em relação ao aumento de procura. “Nós sempre investimos nessas aulas como um diferencial, principalmente de marketing, com aulas maiores nos finais de semana, os chamados aulões de dança e lives nas redes sociais”, explicou Alessandro Sousa, 33, gerente da unidade.

Foi por conta de um desses aulões que o empreendedor Wisnem da Silva, 23, se interessou pela dança. “Eu só não fui de início por vergonha, mas quando cheguei na academia e vi que existiam essas aulas, não pensei duas vezes”, conta. Apesar dos preconceitos que sofreu por ser um dos poucos homens que dançava na academia, Wisnem explica que não consegue viver sem ela em sua rotina diária. “Se não existisse aula de dança eu nem pagaria a mensalidade. Não é só um diferencial para essas empresas, como para cada um de nós também”, afirma.

De acordo com Milzy Costa, gerente da unidade da Academia HI em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, a demanda cresceu, nos últimos anos, em média 75%. “Antes as aulas tinham 12 pessoas, hoje a gente consegue lotar uma sala com 40 pessoas facilmente”. Segundo ela, o mercado teve um crescimento significativo, especialmente, pela maior importância na valorização do profissional de dança. “Os professores começaram a enxergar a dança com mais responsabilidade, são profissionais capacitados que crescem junto com a gente e que mostram o seu diferencial”, afimou.

É com o mesmo pensamento que Alessandro reitera que o sucesso das aulas se dá por conta do profissional de dança. “Existem professores que estão produzindo a própria metodologia, um próprio estilo. É importante criar algo diferente, misturar diversas culturas e fazer com que os alunos se envolvam”.