Diversidade e afetos disponibilizados em feiras orgânicas

Publicação: 21/10/2017 03:00

Um dos primeiros passos para a implantação de um sistema agroflorestal é conciliar conhecimentos de duas fontes distintas. “É preciso unir os protossaberes das famílias camponesas, que desenvolvem diversas práticas no meio rural, com os saberes da academia e dos pesquisadores”, explica o professor Marcos Antônio Bezerra, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, membro do Núcleo de Agroecologia e Campesinato da instituição de ensino. Segundo ele, é necessário que se faça um diagnóstico para saber as condições ambientais do local, além de um planejamento de práticas e manejos produtivos. O trabalho coletivo e a organização de mutirões também são essenciais para implantar o sistema, para recuperar áreas degradadas e incrementar a biodiversidade.

O trabalho coletivo é facilitado por meio da formação das associações. A Rede Espaço Agroecológico, assessorada pelo Centro Sabiá, conta com sete dessas organizações e reúne cerca de 240 famílias agricultoras. A produção é, em grande parte, comercializada diretamente nas cinco feiras orgânicas que fazem parte da rede. A mais velha do estado fica em Gravatá. As outras ficam nos bairros de Santo Amaro, Setúbal, Graças e Boa Viagem. Nelas, os produtores vendem tanto o cultivo in natura como eles já beneficiados (sanduíches, pastéis, doces etc).

O agricultor João Ribeiro, do Sítio Feijão, em Bom Jardim, no Agreste, participa da Agroflor, uma das associações da rede. O modelo agroflorestal foi adotado em sua produção em 2003. Antes, a família tirava o sustento da farinha que fazia a partir de sua plantação de macaxeira. Hoje, essa dependência acabou. O Sítio Feijão agora conta com o cultivo de milho, feijão, fava, acerola, jaca, laranja, graviola, coentro e a lista de culturas comercializadas passa de trinta. Segundo Davi Fantuzzi, do Centro Sabiá, a Agroflor chega a produzir 19 toneladas por mês.

E essa produção leva alívio para os bolsos e diversidade paras as mesas. Segundo Marcones Braz, pesquisador de geografia econômica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), há um barateamento nos produtos vendidos nas feiras pelos produtores. Isso acontece porque não há intermediários entre o agricultor e o consumidor, já que eles produzem e vendem direto nas feiras. Assim, grande parte dos produtos orgânicos apresenta um custo menor quando comparados aos comercializados em supermercados e feiras convencionais.

A diversidade foi demonstrada numa pesquisa de 2015 feita pelo Centro Sabiá nas feiras das Graças e de Boa Viagem. O estudo apontou que há uma diversidade média de 29 produtos diferentes por barraca, totalizando 144 produtos diversos disponibilizados para os consumidores. Além dos números, os comerciantes/produtores também destacam a boa relação com os clientes. “Uma coisa que dá muita felicidade é a amizade que se cria entre cliente e produtor. Eu me sinto muito feliz porque a gente está levando saúde para esse pessoal. O dinheiro é importante, mas o carinho e a confiança desse povo é muito mais”, conclui Lenir Ferreira.

Onde comprar

São cinco feiras que fazem parte da Rede Espaço Agroecológico. Lá são encontrados produtos direto das plantações dos agricultores, sem a necessidade de intermediários.

Graças
Aos sábados, das 2h às 9h
Rua Souza Andrade (atrás do Colégio São Luiz)

Boa Viagem
Aos sábados, das 5h às 10h
Praça Industrial Miguel Santos (por trás do 1° Jardim)

Santo Amaro
Às quartas-feiras, das 7h às 10h
Praça do Campo Santo (em frente ao Sesc)

Setúbal
Aos sábados, das 7h às 11h
Avenida Marechal Juarez Távora (por trás da Escola Americana do Recife)

Gravatá
Aos sábados, das 5h30 às 11h30
Praça Aarão Lins de Andrade, Centro (em frente ao Banco do Brasil)