Ioga, educação e esperança no V8 Técnicas de respiração e concentração têm melhorado desempenho das crianças em escola de Olinda

Eduarda Bagesteiro
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Publicação: 14/10/2017 03:00

Aura Gabriela Maximiliano, de 28 anos, é publicitária e, nas “horas vagas”, usa seu tempo para impactar crianças e adolescentes das comunidades V8 e V9, no bairro do Varadouro, em Olinda, por meio da ioga e da meditação. Os exercícios são combinados com aulas de educação financeira, numa tentativa de influenciar a realidade de moradores, cujos relatos cotidianos comumente envolvem casos de violência e tráfico de drogas.

As aulas duram 20 minutos e envolvem alunos da Escola Municipal Santa Tereza, com faixa etária que varia de 7 a 14 anos. É numa sala pequena, com as paredes amarelas e muitos desenhos colados na parede que são realizadas as atividades. Junto à professora de educação física Érica Farias, Aura ajuda as crianças a exercitarem a respiração, concentração e relaxamento – o que ajuda na desenvoltura da saúde mental dos alunos.

Primeiro elas levantam as mãos, como se fossem tocar o céu, antes de fechar os olhos e imaginarem lugares repletos de diversão. Tudo conduzido por um som relaxante que ecoa com a ajuda de uma tigela tibetana, levando os alunos a um lugar relaxado dentro de suas próprias mentes.

Para Joyce Santos, de 7 anos, a meditação é a parte preferida da manhã. “Tem dias que estou estressada e tem muita tarefa para fazer. Mas quando tem aula de meditação com Tia Aura, eu fico bem mais calma. Me ajuda a fazer as tarefas depois”, comenta. Já para Helena Alves, a parte mais divertida é a música, que toca ao final de cada aula. “Eu gosto da música que a professora canta em outra língua. Eu não entendo, mas me deixa tranquila e faz eu me sentir segura”, comenta a menina, sobre o mantra cantado em sânscrito – idioma indo-árico antigo da Índia.

Segundo a psicóloga do Centro de Pesquisas do Imip Aline Campelo, esse estímulo da mente e do corpo faz com que a pessoa passe a se conhecer mais e desenvolver a própria potencialidade. “Nesse processo em que é trabalhada a respiração e concentração desses alunos, eles se dão conta como cidadãos, como ser. É um caminho para redescobrir o potencial interior, que muitas vezes é esmagado pela sociedade e pelos próprios pais e eles passam a entender que são valorizados como pessoa”, explica.

Praticante de ioga desde os 16 anos, a paulista que vive em Pernambuco há três anos teve a ideia de levar a atividade às salas de aula de Olinda depois que, ao chegar de uma temporada no exterior, tornou-se vítima de três assaltos violentos em apenas 15 dias na cidade. Para ela, mudar de cidade não mudaria a realidade de Olinda e, por isso, estruturou uma ONG sem fins lucrativos para ajudar as comunidades na região. Usando a experiência de ter atuado por três anos junto ao Greenpeace Brasil, ela criou o Instituto Inova Aí, que saiu do papel em 2015.