O cuidado ao escolher quem seguir

Publicação: 31/03/2018 09:00

Imersa nas dezenas de dúvidas que perpassam a cabeça de uma mãe de primeira viagem, a advogada Polyanna Neves, 30 anos, começou a  vasculhar a internet em busca de informações. Ao ler sobre icterícia, foi direcionada por meio de uma hashtag para o perfil do pediatra Reginaldo Freire. “Entrei e tinha um post sobre o tema, que foi útil na época. Acabei seguindo e me interessei pelas outras postagens, pela linguagem acessível com que o conteúdo é passado”, conta.

Com dificuldades para levar em frente a amamentação, ela também encontrou na rede motivação e instruções para alimentar Maria Fernanda, hoje com oito meses. “Nos primeiros meses, a gente se sente fragilizada e lá acabei aprendendo várias coisas”, detalhou Polyanna. Ela segue uma média de 50 perfis de profissionais de saúde, mas só levou para a vida real o atendimento com Reginaldo Freire, hoje pediatra da sua filha. “Acho importante, pois a criação dessas páginas com conteúdo sério, diante da quantidade de informações que existe na internet, deixa a gente mais tranquila”, acrescentou.

A engenheira Flávia Chaves, 30, segue muitos perfis de profissionais de saúde para os quais tem interesse de frequentar o consultório. “Sigo fisioterapeuta, nutricionista, médico. Acho que 5% do meu feed (linha do tempo da rede social) é só de saúde. Acabo tirando muitas dúvidas do cotidiano, coisas que não me fariam marcar uma consulta para perguntar”, explica.

Pessoas como Flávia e Polyanna se multiplicam na rede. Somente o nutrólogo Eduardo Magalhães tem 142 mil seguidores no Instagram. Ele  explica, entretanto, que essas pessoas não podem esperar do médico prescrições ou consultas, seja nas redes ou nos aplicativos de mensagem, como o Whatsapp. “É meramente um caminho de informação generalista. De atos que a pessoa pode ter para cuidar da própria saúde. Realizar consultas online, inclusive, é proibido”, diz.

Por parte dos pacientes, um cuidado necessário antes de seguir as dicas e orientações é verificar se o perfil do médico na rede social é verdadeiro. Há duas formas de fazer isso. Uma delas é acessando os sites dos conselhos regionais de medicina e colocando os registros profissional ou de qualificação de especialista ou até o nome do profissional na aba de localização. A página deverá exibir uma foto e outros dados. A outra maneira é entrar nos portais das sociedades médicas brasileiras e fazer a mesma consulta. Caso a pessoa que esteja por trás do perfil não seja um profissional médico, ela pode responder na esfera criminal por exercício ilegal da profissão.