Um mercado voltado a iniciados

Publicação: 30/06/2018 03:00

O principal público-alvo desse mercado são pessoas que, de alguma forma, já iniciaram uma transição por uma vida mais sustentável. A nutricionista Priscilla Santos, 30 anos, começou a procurar desodorantes naturais há cerca de três anos, quando já vinha estudando sobre vegetarianismo. “Encontrei informações de que o alumínio estaria ligado ao câncer de mama e era uma substância muito presente nos desodorantes. Então resolvi buscar alternativas e acabei aderindo também a batons e hidratantes naturais”, conta.

Segundo Priscilla, o período de transição não foi fácil. Naquela época, a maioria dos produtos vinha pela internet, então nem sempre dava para testar. “No começo, você sente uma diferença, já que no desodorante convencional o alumínio ajuda a interromper a transpiração. O hidratante também tem uma consistência diferente. Mas é tudo questão de costume”, conta. Para Priscilla, o benefício agregado prevaleceu diante de qualquer estranhamento.

Uma assadura no filho foi o pontapé da nutricionista Flávia Hanusch, 33, nesse universo. Ela, que já era vegetariana, só encontrou solução para o problema em uma pomada natural, depois de duas semanas tentando outros tipos de cremes. Além de aderir ao uso, Flávia abriu uma loja dedicada à venda desse segmento, a Empório Greencare. “Até um esfoliante ‘normal’ que a gente usa tem microplástico, que vai parar no meio ambiente”, ressalta. O maior público do negócio é de pessoas entre 25 e 35 anos, e que já mantêm um consumo consciente.

A maior procura é por maquiagens e desodorantes. O mesmo acontece na Comedoria e Loja Colaborativa Vegan e na Me Poupe! Loja Colaborativa, outras lojas do Recife que vendem esse tipo de produto. “Em geral, o público é vegano. Mas a procura já atinge outras pessoas também”, diz Kamila Alves, da Me Poupe!. “Quanto mais as pessoas usam, mais indicam a amigos e familiares”, explica Nath Saints, da Vegan.

A pesquisa A percepção dos consumidores brasileiros sobre cosméticos sustentáveis, realizada pela Use Orgânico, mostra que 64% das pessoas também têm essa mesma percepção de Priscilla. O estudo mostrou ainda que 48% dos entrevistados se sentem atraídos por um produto que tem na fórmula ingredientes naturais, enquanto 21% dão mais valor a itens de beleza com menos aditivos químicos. Há, pelo menos, três marcas pernambucanas, nove nacionais e quatro internacionais.

“O que a gente indica, sempre, é que as pessoas leiam os rótulos para fazer um consumo com consciência”, conclui Flávia Hanusch.