Alimentação saudável é privilégio

Publicação: 10/11/2018 03:00

Em uma região que é a despensa agrícola do mundo, muitas pessoas não têm acesso a frutas e verduras frescas, ou estas são caras, de modo que as pessoas com menos recursos optam com frequência por produtos com alto conteúdo de gorduras, açúcar e sal, que são mais baratos.

No Chile, por exemplo, 27% da população não tem dinheiro para comprar uma cesta saudável de alimentos. A consequência é que as mulheres chilenas lideram a lista da obesidade da América do Sul e os homens chilenos ocupam o segundo lugar, atrás dos argentinos, na classificação por gênero.

“A alimentação saudável continua sendo um privilégio e deve ser um direito humano”, alertou no Panamá a diretora regional da Unicef, María Cristina Perceval. Reverter esse problema combina políticas públicas, compromisso das empresas do setor alimentar e educação da população, reconhecem os especialistas. “Os governos têm uma responsabilidade principal: erradicar a fome ou controlar uma epidemia como a da obesidade não é algo que se pode deixar só para a sociedade civil ou para as empresas. A liderança tem que vir dos governos”, assegurou Berdegué.

E esta liderança passa por regular o conteúdo de ingredientes nocivos na comida processada e empreender campanhas de educação nos centros de ensino para integrar a comida saudável nas dietas. As empresas “têm que assumir sua responsabilidade” pelos alimentos que colocam nas prateleiras dos supermercados, principais causadores da obesidade, lembra Berdegué. E todos coincidem em que a sociedade civil tem que pôr algo de sua parte: “As pessoas ganham mais, mas comem pior, de modo que o problema passa por uma mudança de comportamento”, concluiu o representante do PAM, Miguel Barreto, do Panamá.