Escoliose, mais do que uma questão estética
Curvatura para um dos lados da coluna é mais comum ao sexo feminino. Para cada mulher diagnosticada existe um homem
Alice de Souza
alice.souza@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 06/07/2019 03:00
Quando estava no início da adolescência, a coordenadora de recursos humanos Genyffer Queiroz, 28 anos, começou a sentir dores nas costas. Ao procurar ajuda profissional, ouviu que eram dores típicas da fase de crescimento, da mudança no corpo. A resposta recebida por ela é comum aos pacientes com escoliose e dificulta o diagnóstico precoce. Caracterizada por uma deformidade vertebral acima de 10 graus na coluna, a escoliose atinge de 2% a 4% da população do planeta, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que no Brasil sejam 7 milhões de pessoas convivendo com o problema. Se não tratada a tempo, ela pode evoluir para formas graves em alguns pacientes e gerar problemas respiratórios e cardíacos.
Existem mais de 50 tipos de escoliose, mas ela costuma ser dividida em dois grupos: aquelas que são secundárias a outras condições, como a paralisia cerebral, e a escoliose idiopática, que não é decorrente de outras enfermidades. Esse segundo tipo responde por cerca de 90% dos casos. “Há um componente genético. Parentes de primeiro grau de pessoas com escoliose têm de sete a oito vezes mais chances de desenvolver a escoliose. É também uma questão ligada ao sexo, a cada sete mulheres, ela é diagnosticada em um homem”, explica o ortopedista da Sociedade Brasileira de Coluna, Carlos Romeiro.
A escoliose idiopática pode ser classificada de acordo com a deformidade da coluna. Quando a inclinação é de 10 a 20 graus, ela é considerada leve e pode ser apenas acompanhada. Se for de 20 a 40 graus, pode ser que o paciente necessite de um colete para orientar o crescimento. Se for acima de 45 graus, é caso de indicação cirúrgica. De maneira geral, ela pode aparecer antes dos 3 anos, a chamada escoliose infantil, dos 3 aos 10 anos, a escoliose juvenil, e dos 3 aos 18 anos, a escoliose idiopático do adolescente. Na maioria dos casos, a proeminência na coluna (denominada giba) começa a ficar evidente justamente no período chamado de “estirão” entre a infância e a adolescência.
Junho é o mês de conscientização para mostrar a importância de buscar tratamento precoce. “A fase crítica é entre os 10 e os 13 anos, quando pode ocorrer alguma falha na orientação espacial do crescimento da coluna vertebral. Quando ela é identificada antes da fase de crescimento, é possível usar um colete para orientar o crescimento e tentar evitar a deformidade. A incidência de sucesso desse uso é de 65%”, detalha Carlos Romeiro. Segundo ele, um dos fatores complicadores da escoliose é que ela costuma aparecer na fase em que também estão sendo desenvolvidos o corpo, a libido e a autoestima do adolescente. “Pacientes com escoliose tendem a não querer sair de casa, evitar convívio social e determinadas roupas. Isso pode gerar questões psicológicas associadas”, alerta.
Para identificar a escoliose, o indicado é fazer o Teste de Adams. É um procedimento simples, de dobrar a coluna para frente. Se ao baixar o tronco para frente for observada diferença na altura de um dos lados da coluna, o recomendado é procurar ajuda médica. Outros detalhes a serem observados são a diferença na altura dos ombros, a escápula proeminente, a descentralização da cabeça em relação à pelve e a proeminência em um lado do quadril. Se não for tratada, a curvatura da coluna pode aumentar e interferir no funcionamento do pulmão e do coração.
Foi o que começou a acontecer com Genyffer Queiroz. Depois de receber o diagnóstico, aos 13 anos, e de frequentar vários serviços de saúde em busca de tratamento, ela ficou numa lista de espera durante sete anos por uma cirurgia. Essa lista atualmente tem cerca de 300 crianças e adolescentes esperando. A vez de Genyffer nunca chegou e só quando estava adulta, trabalhando para pagar um plano de saúde, fez o procedimento. “Um dia no banho, senti uma tontura grande e lembrei que um médico tinha me dito que isso iria acontecer. Depois, andava poucos metros e cansava como se tivesse caminhado grandes distâncias. Aí comecei a procurar a cirurgia. Muita gente pensa que escoliose é só uma questão estética, mas não é. É sério”, diz ela, que fez a cirurgia em 2016 e hoje não tem mais as dificuldades na respiração.
Escoliose
O que é
Deformidade em curva da coluna vertebral, podendo ou não ser acompanhada de rotação das vértebras, a chamada “giba”.
Causas
A maior parte das escolioses é do tipo idiopática, aquele de causas desconhecidas, enquanto a menor parte tem como causas questões genéticas, anomalias congênitas ou adquiridas ao longo da vida, devido a alterações ósseas, musculares ou neurológicas.
Cuidados
Existem mais de 50 tipos de escoliose, mas ela costuma ser dividida em dois grupos: aquelas que são secundárias a outras condições, como a paralisia cerebral, e a escoliose idiopática, que não é decorrente de outras enfermidades. Esse segundo tipo responde por cerca de 90% dos casos. “Há um componente genético. Parentes de primeiro grau de pessoas com escoliose têm de sete a oito vezes mais chances de desenvolver a escoliose. É também uma questão ligada ao sexo, a cada sete mulheres, ela é diagnosticada em um homem”, explica o ortopedista da Sociedade Brasileira de Coluna, Carlos Romeiro.
A escoliose idiopática pode ser classificada de acordo com a deformidade da coluna. Quando a inclinação é de 10 a 20 graus, ela é considerada leve e pode ser apenas acompanhada. Se for de 20 a 40 graus, pode ser que o paciente necessite de um colete para orientar o crescimento. Se for acima de 45 graus, é caso de indicação cirúrgica. De maneira geral, ela pode aparecer antes dos 3 anos, a chamada escoliose infantil, dos 3 aos 10 anos, a escoliose juvenil, e dos 3 aos 18 anos, a escoliose idiopático do adolescente. Na maioria dos casos, a proeminência na coluna (denominada giba) começa a ficar evidente justamente no período chamado de “estirão” entre a infância e a adolescência.
Junho é o mês de conscientização para mostrar a importância de buscar tratamento precoce. “A fase crítica é entre os 10 e os 13 anos, quando pode ocorrer alguma falha na orientação espacial do crescimento da coluna vertebral. Quando ela é identificada antes da fase de crescimento, é possível usar um colete para orientar o crescimento e tentar evitar a deformidade. A incidência de sucesso desse uso é de 65%”, detalha Carlos Romeiro. Segundo ele, um dos fatores complicadores da escoliose é que ela costuma aparecer na fase em que também estão sendo desenvolvidos o corpo, a libido e a autoestima do adolescente. “Pacientes com escoliose tendem a não querer sair de casa, evitar convívio social e determinadas roupas. Isso pode gerar questões psicológicas associadas”, alerta.
Para identificar a escoliose, o indicado é fazer o Teste de Adams. É um procedimento simples, de dobrar a coluna para frente. Se ao baixar o tronco para frente for observada diferença na altura de um dos lados da coluna, o recomendado é procurar ajuda médica. Outros detalhes a serem observados são a diferença na altura dos ombros, a escápula proeminente, a descentralização da cabeça em relação à pelve e a proeminência em um lado do quadril. Se não for tratada, a curvatura da coluna pode aumentar e interferir no funcionamento do pulmão e do coração.
Foi o que começou a acontecer com Genyffer Queiroz. Depois de receber o diagnóstico, aos 13 anos, e de frequentar vários serviços de saúde em busca de tratamento, ela ficou numa lista de espera durante sete anos por uma cirurgia. Essa lista atualmente tem cerca de 300 crianças e adolescentes esperando. A vez de Genyffer nunca chegou e só quando estava adulta, trabalhando para pagar um plano de saúde, fez o procedimento. “Um dia no banho, senti uma tontura grande e lembrei que um médico tinha me dito que isso iria acontecer. Depois, andava poucos metros e cansava como se tivesse caminhado grandes distâncias. Aí comecei a procurar a cirurgia. Muita gente pensa que escoliose é só uma questão estética, mas não é. É sério”, diz ela, que fez a cirurgia em 2016 e hoje não tem mais as dificuldades na respiração.
Escoliose
O que é
Deformidade em curva da coluna vertebral, podendo ou não ser acompanhada de rotação das vértebras, a chamada “giba”.
Causas
A maior parte das escolioses é do tipo idiopática, aquele de causas desconhecidas, enquanto a menor parte tem como causas questões genéticas, anomalias congênitas ou adquiridas ao longo da vida, devido a alterações ósseas, musculares ou neurológicas.
Cuidados
- Manter o peso dentro dos padrões ideais para a altura e idade
- Evitar o sedentarismo
- Adotar alimentação saudável e variada, rica em cálcio
- Escolher calçados que não comprometam a marcha e forcem as estruturas da coluna
- Proteger a espinha dorsal no transporte de objetos pesados
- Procurar ajuda médica ao se notar desvios patológicos da coluna
- Ombros ou quadris que parecem assimétricos
- Coluna vertebral encurvada anormalmente para um os lados
- Eventual desconforto muscular