Uma geração que sabe o que quer

Publicação: 13/07/2019 03:00

A pesquisa revelou que pessoas da geração millennial, os que nasceram entre 1981 e 1996, estão mais predispostos a realizar tratamentos estéticos do que outras faixas etárias. A questão deixou de ser “se vou fazer” para ser “quando irei fazer”. Os millennials tendem a enxergar os tratamentos como questões preventivas e não corretivas. Entre os motivos elencados pelos especialistas para essa mudança de comportamento, em relação a gerações de décadas anteriores, estão a maior disseminação de informação em vários canais, incluindo a internet, e também o uso das redes sociais.

Cerca de três em cada 10 pessoas que têm entre 21 e 35 anos consideram realizar algum tratamento estético preventivo. Entre pessoas de 26 a 55 anos, o percentual cai para 24%. Entre aqueles com 56 a 65 anos, é ainda menor, 13%. As redes sociais, segundo a pesquisa, atuam em dois sentidos: da informação e do espelho na busca pela imagem ideal. Pelo menos duas em cada 10 pessoas seguem um médico nesse espaço, enquanto 32% usam as redes para pesquisar sobre problemas em áreas específicas ou tratamentos. “Cerca de 80% dos pacientes chegam ao consultório munidos de informações falsas ou distorcidas. Então, a gente precisa desconstruir uma imagem e trazer o paciente para a realidade, antes de tudo”, explica o cirurgião plástico e pesquisador da USP Ricardo Boggio.

O levantamento da Allergan mostrou que no Brasil 36% das pessoas usam filtros para postar fotografias em aplicativos de redes sociais e que 36% já evitaram aparecer em uma foto ou interagir socialmente em função da aparência do corpo e do rosto. Além da questão das informações falsas, a internet também traz consigo o problema do culto ao físico impossível. “A imagem filtrada pode ser a busca por uma imagem que não existe. Uma ‘selfie’, por exemplo, é uma perspectiva distorcida de você mesmo”, ressalta a dermatologista membro da Academia Americana de Dermatologia Ligia Colucci.