Camundongos grisalhos em laboratório

Publicação: 25/01/2020 03:00

A princípio, a cientista Ya-Chieh Hsu imaginou que o mecanismo por trás do branqueamento envolvia o sistema imunológico: o estresse atacaria as células produtoras de pigmentos. Essa hipótese foi descartada em roedores, assim como a possibilidade do cortisol causar o problema. Por fim, o grupo chegou ao sistema nervoso simpático, formado por nervos que se ramificam em cada um dos folículos pilosos da derme.

No bulbo capilar, existe um reservatório de células-tronco produtoras de pigmento. Quando há degeneração do fio, essas estruturas, em princípio indiferenciadas, especializam-se na fabricação de melanina. Os pesquisadores descobriram que, sob estresse, os nervos simpáticos liberam a noradrenalina, que é absorvida pelas células-tronco regeneradoras de pigmentos. Quando isso acontece, todas as células se convertem em produtoras de melanina, esgotando o reservatório antes do tempo. Assim, o cabelo tornDepois de apenas alguns dias, todas as células-tronco regeneradoras de pigmentos foram perdidas. Quando elas desaparecem, você não pode mais regenerar o pigmento. O dano é permanente.” Em laboratório, porém, os cientistas conseguiram revertê-lo. Thiago Mattar Cunha removeu dos camundongos os nervos do sistema simpático e, mesmo sob forte estímulo doloroso, a pelagem dos animais não mudou de cor. Isso foi confirmado em outro teste, onde os animais receberam uma injeção que impede os nervos de produzir noradrenalina.

Cunha esclarece que o objetivo do estudo não foi estético, até porque o uso das substâncias com potencial de bloquear o processo seria prejudicial ao organismo. Embora diga que talvez um produto de uso tópico pudesse evitar o branqueamento, o pesquisador afirma que as descobertas abrem perspectivas de explorar outras questões, especialmente as relacionadas à dor.