'As clientes compram afeto'

Publicação: 01/04/2017 03:00

Os acompanhantes no Japão, figuras da noite reconhecíveis instantaneamente por seus bronzeados de spray, cabelos longos frisados e ternos apertados, são frequentemente acusados de ser predadores das emoções femininas. “As clientes compram afeto”, explica, dando de ombros, o ex-acompanhante Ken Ichijo, de 38 anos, no terraço de seu apartamento dúplex com vista para o Monte Fuji. “Vendemos sonhos, e para isso é preciso mentir, dizer que as amamos em troca de somas consideráveis de dinheiro”, acrescentou Ichijo, que hoje é gerente de clube.

Para ele, é simplesmente um caso de oferta e demanda. “Os acompanhantes existem para preencher um vazio na vida de alguém”, disse. “Atendemos a todas as necessidades de uma mulher - escutamos seus problemas, dizemos que são bonitas, fazemos as suas fantasias se tornarem realidade”.

Com maiores restrições aos horários de funcionamento, inspeções policiais regulares e muito menos envolvimento de gangsteres da “yakuza”, o negócio dos acompanhantes tem conseguido limpar a sua imagem sombria nos últimos anos.

Mas a perspectiva de sexo continua sendo uma isca neste setor muito concorrido, admite Ichijo. “O sexo não faz necessariamente parte dos serviços de um clube de acompanhantes, mas é uma parte da tentativa de satisfazer as necessidades da cliente”, disse. Durante a conversa, seu colega Takami deixa entrever o outro lado da moeda: desconfiança, medo de ser desbancado por outro acompanhante.