Foco no que é realmente importante Mindfulness propõe concentração no presente para reduzir o estresse, a ansiedade e até mesmo dores crônicas

Marcionila Teixeira
marcionila.teixeira@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 07/10/2017 03:00

Há cinco anos, Felipe Lapa, 36, mudou de vida. Mergulhado em estresse e problemas econômicos, apelou para uma última tentativa de aliviar o sofrimento. Aceitou, a pedido da família, passar 21 dias em uma comunidade espiritual em Piracanga (BA). Em uma das experiências, ficou sete dias ingerindo apenas água. Sua intenção era mostrar que aquelas vivências não funcionavam, mas o efeito foi contrário.

Na volta ao Recife, ele fechou sua empresa de tecnologia da informação, encerrou um relacionamento e parou de beber e comer carne. Em seguida, regressou à comunidade para uma vivência de quatro anos, quando aprendeu a meditar e interpretar sonhos e tornou-se mestre em reiki. No ano passado, mergulhou em uma prática ainda pouco conhecida em Pernambuco, o mindfulness. Tornou-se facilitador do programa, que busca aliviar dores crônicas, estresse, ansiedade e depressão a partir de uma meditação adaptada e incentivo a áreas do cérebro responsáveis pela concentração.

A prática, criada em 1979 pelo norte-americano Jon Kabat-Zinn, aplica a meditação ao dia a dia. É possível fazê-la no banho ou caminhando, por exemplo. “Estamos sempre preocupados com passado ou futuro. Nunca vivemos o presente porque estamos distraídos. Quando focamos no presente, estamos por completo na situação, com corpo e mente alinhados. Isso faz a gente ver a vida como ela realmente é”, diz Felipe.

Ele diz que a prática não prega uma religião, mas tem base nos ensinamentos do budismo. Segundo o instrutor, há registros de pessoas que param de roer unha ou comer compulsivamente, ganham melhoria na memória, na leitura e no processamento de informações. Como o programa também pode ser aplicado no mundo corporativo, Felipe percebe que empresários passam a ouvir melhor a equipe. “Nas empresas, o benefício traz mais criatividade e produtividade”.

Reações
Imagine a cena de alguém batendo  em suas costas em um metrô lotado. Uma reação comum seria revidar com violência. O programa ajuda a não responder ao cotidiano com raiva, ciúme ou vingança. O mindfulness é aplicado em oito semanas, em um encontro semanal de duas horas. As pessoas também recebem atividades diárias, chamadas de práticas formais e informais.

Um exemplo de prática formal é fazer um movimento com o corpo semelhante a um pêndulo. Uma informal é praticar a caminhada de forma consciente, percebendo cada passo. Além disso, são propostas mudanças de hábito, como largar o talher enquanto come, elogiar cinco pessoas por dia, não interromper o outro enquanto ele fala e não reclamar. É um aprendizado conjunto de práticas meditativas, corporais e de concentração.

No dia 1°de novembro, começa a quarta turma conduzida por Felipe Lapa e Cristine Papini. Os encontros acontecerão no Espaço Gerar Arteterapia e Bem-estar, em Casa Forte. Pessoas de qualquer idade podem participar. Se forem menores de 18 anos, é importante a presença de um responsável. O programa também é direcionado a vestibulandos. Felipe Lapa ressalta que não é psicólogo e que mindfulness não substitui terapia - o profissional precisa ser informado da participação do paciente no programa. Mais informações através do e-mail contato@maisconsciente.com.br.