Chegada a Pernambuco há 97 anos

Publicação: 29/04/2017 03:00

Os cultos da tradição Xambá foram trazidos ao Recife pelo babalorixá Artur Rosendo nos anos 1920. Pai Ivo conta que seus ancestrais foram bastante perseguidos até o terreiro se instalar definifivamente em Olinda, em 1951. “Nosso povo habitava a região ao norte dos Ashanti e limites da Nigéria com Camarões, nos montes Adamaua, no Vale do Rio Banué. Todos nós viemos a esse país na condição de escravos. Não éramos escravos, mas fomos escravizados. Foi o candomblé que ressocializou o negro na sociedade brasileira”, diz.

Artur Rosendo veio de Maceió para a capital pernambucana fugindo da repressão policial às casas de culto afrobrasileiro. Em 1923, instalou-se numa casa na Rua da Regeneração, em Água Fria, onde iniciou muitos filhos de santo.

O babalorixá lembra que a repressão policial da Ditadura Vargas fazia com que os cultos acontecessem a portas fechadas. “Em 1938, o terreiro foi fechado, mas após a redemocratização em 1945, ocorreu a reabertura das casas. Com o falecimento de Artur Rosendo em 1950, a maioria das casas Xambá se fundiu com as da Nação Nagô, com exceção do terreiro de Santa Bárbara”, explicou.

Após a morte de Artur Rosendo, Severina Paraíso da Silva, a Mãe Biu, assumiu o comando do terreiro até sua morte em 1993. Seu filho, Pai Ivo, passou a administrar a casa. Nesses anos, o babalorixá tentou preservar o culto aos orixás, mantendo a tradição do povo Xambá.

Em 2002, foi criado o Memorial Severina Paraíso da Silva, um pequeno museu que guarda objetos usados pela mãe de santo, num puxadinho nos fundos da área do terreiro.