SANTOS JUNINOS » O homem que trocou as redes pela chave História de São Pedro, com suas fraquezas e grandezas humanas, reforça sua ligação com os devotos nordestinos

Ana Paula Neiva
Aneiva@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 24/06/2017 03:00

Graças à passagem do evangelho de Mateus, São Pedro ganhou a fama de ser o “porteiro do céu”, o controlador das almas no paraíso. O trecho da Bíblia traz o seguinte diálogo de Jesus com seu apóstolo: “Eu te darei das chaves do reino dos céus e o que ligares na Terra será ligado nos céus”. Não é à toa que a imagem do velhinho aparece sempre em quadros e esculturas segurando uma grande chave. Na boca do povo, seus poderes meteorológicos são grande. É ele quem manda na chuva e pode fazer parar os temporais. Na Igreja Católica, São Pedro é considerado o primeiro papa. Foi quem assumiu a função de coordenar os fiéis, após a crucificação de Jesus Cristo. Depois de Santo Antônio e São João, é o terceiro da série Santos Juninos que o Diario publica nas superedições de fim de semana.

Segundo o vigário episcopal de Olinda, monsenhor José Albérico Bezerra, Pedro era um homem de origem simples. “Ele era acostumado às dificuldades. Seguiu Jesus por três anos, e depois da receber o poder do Espírito Santo em Pentecostes se tornou um grande líder, um apóstolo, palavra que quer dizer enviado”, comentou.

Pedro fez parte do primeiro grupo de 12 apóstolos de Cristo. Junto com seu irmão André e Tiago e João Evangelista, ele integrou o círculo íntimo de Jesus. “Foi o primeiro nome que apareceu após a morte de Cristo. A partir dele, Jesus edifica a igreja. E ele coordenou todo esse trabalho”, esclareceu. O monsenhor lembrou que no Evangelho de Lucas há uma parábola onde Jesus acalma o discípulo Pedro e explica o verdadeiro sentido da sua vida. Pedro foi treinado para “pescar” seres humanos. Essa foi a sua grande missão.

O simples pescador participou dos mais importante milagres do mestre. Um deles, a cura da sua própria sogra. O monsenhor Albérico disse que, em suas andanças, Jesus costumava se hospedar na casa de Pedro, e um dia encontrou a sogra do apóstolo muito doente. “Jesus curou a mulher e, em seguida, ela foi servir ao grupo que passava pela residência. É esse é o grande sentido daqueles que recebem uma graça, entender que precisam também servir ao próximo”, completou. O primeiro sermão de Pedro foi realizado no dia de Pentecostes. Ele peregrinou por várias cidades. Por pregar o evangelho destemidamente, chegou a ser preso. Uma vez, em Jerusalém, um anjo de Deus o libertou da prisão, passando por vários guardas. Após evangelizar a Igreja em vários lugares, Pedro seguiu para Roma. Lá, liderou a Igreja que se expandia, apesar das perseguições.

A história conta que quando os romanos descobriram onde ele estava, prenderam e o condenaram à morte na cruz, durante o reinado de Nero. O monsenhor Albérico disse que Pedro não se sentiu digno de morrer como seu mestre, então pediu que o crucificassem de cabeça para baixo.

A crucificação ocorreu embaixo do mesmo altar onde, atualmente, o papa Francisco costuma celebrar missas no Vaticano. “Foi o lugar onde Pedro confessou sua fé a Cristo e derramou seu sangue por ele”. Segundo o religioso, os romanos ainda acenderam uma fogueira embaixo da cabeça de Pedro. “Por isso se faz fogueira também no dia de São Pedro, que é comemorado na data de sua morte, 29 de junho”, completou o monsenhor. Os restos mortais do santo encontram-se no altar da Igreja de São Pedro, em Roma.