HERNANES » Confiança inabalável

FALCÃO
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Publicação: 28/07/2014 03:00

 (MIRELLA FALCAO)

A derrota do Brasil na Copa do Mundo não abalou a confiança do único pernambucano convocado para a Seleção Brasileira. Após uma semana de férias no Recife, Hernanes concedeu uma entrevista exclusiva ao Diario, ontem, antes de embarcar para a Itália. O jogador contou que está motivado para conquistar novos títulos como volante da Inter de Milão. Acredita que será convocado pelo novo técnico da Seleção Dunga e ainda aposta que jogará em uma Copa do Mundo pela segunda vez. Com 29 anos de idade, o “profeta” - como é chamado - até arrisca a dizer que os próximos quatro anos serão os melhores da sua carreira. O jogador também se prepara para atuar como empresário do ramo da gastronomia, sendo sócio em um restaurante que será aberto em Fernando de Noronha, com investimento estimado em R$ 1 milhão e projeto do arquiteto Humberto Zirpoli.O jogador recebeu o Diario em uma casa em Aldeia, onde passou os últimos dias com a família.

“Dunga já me convocou outras vezes”

Como avalia hoje a sua experiência na Seleção na Copa?
Foi a minha primeira Copa. Sem entrar nos detalhes do que aconteceu, para mim foi a experiência com futebol mais incrível.

Acha que houve muita interferência na concentração?
Como te falei, a experiência que tive na Copa do Mundo, sem entrar nos detalhes, foi maravilhosa. Foi espetacular. Enfim... é melhor não entrar nos detalhes.

O que achou da escolha do Dunga como técnico? Acredita que pode lhe convocar?
Não quero comentar sobre a escolha. Mas o Dunga já me convocou outras vezes. Já estive na Seleção com ele. Acredito que ele pode sim me convocar. Continuar sendo convocado pela seleção está nos meus planos.

Considera que foi a sua última Copa ou ainda pode disputar o hexa em 2018?
Tenho condições de participar da próxima Copa. Eu estou chegando no auge da minha forma atlética como jogador. Daqui a quatro anos, acredito que tenho chance de mais uma Copa ainda.

Essa seria a sua previsão como “profeta”?
(Risos) As profecias se dão não por vontade nossa, mas por momentos de inspiração. Então, não me apego a isso. E sim ao trabalho, que é a única coisa que pode trazer o crescimento e a evolução. Estou disposto a fazer dos próximos quatro anos os melhores da minha carreira.


O que espera desse retorno à Itália, após a Copa?
Hoje (ontem) embarco para Milão e começo mais uma temporada com a Inter, onde estava desde o início do ano. Passei por 15 jogos e fiz dois gols. Tenho quatro anos de contrato com a Inter. Espero que sejam os melhores quatro anos da minha carreira. Quero voltar para a Itália e começar essa empreitada. Que esse primeiro ano seja de muitas conquistas, porque é o que vejo para mim. No ano passado, conseguimos chegar na Europa League. Neste ano, quero concretizar esse trabalho e se possível realizar coisas importantes pela seleção.

Hernanes em lance da partida contra o México, válida pela Copa das Confederações de Futebol (DANIEL FERREIRA/CB/D.A PRESS)
Hernanes em lance da partida contra o México, válida pela Copa das Confederações de Futebol

Você sentiu muito pela sua saída no Lazio, no final do ano passado, não foi? Espera alcançar a mesma identificação com a torcida da Inter, como havia no Lazio?

Sim, mas já me surpreendeu a recepção que tive no Inter pelos torcedores. Por eu já ter jogado na Itália há três anos e meio, as pessoas já me conheciam. Também me receberam super bem lá e eu fiquei muito à vontade. O Inter é hoje uma grande camisa. Tenho que fazer bonito para manter esse calor do torcedor. Você não chegou a jogar nos maiores times do estado.

Imagina que isso possa acontecer algum dia? Seria no seu time do coração (Sport) ou no que jogou como amador (Santa Cruz)?
Sim. É uma coisa que eu às vezes penso, que não joguei aqui, como seria... Poder jogar aqui na minha terra seria interessante. Mas como estou focado no que ainda tenho para fazer e o fim da minha carreira ainda está longe, não é algo que esteja planejando ainda. Por isso, não vamos queimar carta. Prefiro não revelar qual seria! Agora, além de jogador, você vai se tornar empresário do ramo da gastronomia.

Como foi isso? Será seu primeiro negócio?
É o meu primeiro negócio, sim. Fui para Noronha pela primeira vez no ano passado, após a Copa das Confederações, e me identifiquei muito com a ilha. A minha família gostou muito. Até hoje meus filhos pedem para voltar em Noronha. Lá bati pelada com moradores da ilha. Fiz uma doação de material esportivo para a escola. Nesse momento, surgiu essa oportunidade de abrir o restaurante com amigos que já estão nesse ramo em Noronha, Tiago e Cláudio Xavier, e o chef Erick Damascena, que também fez carreira na ilha. São pessoas que sabem o que estão fazendo. O Corveta Bistrô vai ficar na praça Flamboyant, um lugar muito bacana e o projeto é do arquiteto Humberto Zirpoli. Corveta é um naufrágio muito visitado em Noronha por mergulhadores. O restaurante já está em obras e deve ser inaugurado em dezembro. Estou super empolgado para ver tudo pronto e começar a trabalhar neste novo ramo. Como embaixador da ONG norte-americana Love.fútbol, na sexta você visitou um projeto da ONG em São Lourenço.

Já existe uma definição do que será realizado em Aliança, em homenagem à cidade da sua infância?
A única definição é que vamos fazer lá o projeto e estamos arrecadando fundos para executá-lo. Estamos buscando líderes da comunidade para participar. Pode ser um campo ou uma quadra, depende da necessidade e das condições do espaço que será utilizado. Mas não há uma posição certa de quando será concluído. Neste ano, fiz uma parceria para uma doação a cada gol meu. Já fiz dois gols. No final da temporada, iremos contabilizar tudo e ver o repasse. Mas prefiro não revelar os valores. A intenção dessa parceria é que, com o meu sucesso, mais pessoas sejam beneficiadas.

Como foi essa semana no Recife? Foi para Aliança?
A semana foi maravilhosa. Rever a família e os amigos é muito legal. Mato a saudade das comidas que sinto falta, tipo a pamonha que a minha tia faz, doce japonês, queijo coalho, inhame, macaxeira, charque... Fui para Aliança na sexta e voltei no mesmo dia. Foi muito curto, mas intenso. Ter a família por perto é muito especial. É o combustível para enfrentar mais uma temporada.