ENTREVISTA // WALLACE LIIMAA » 'Precisamos assumir a responsabilidade por nossa saúde' Empoderar as pessoas a cuidarem melhor de si é o objetivo da saúde quântica, que será tema de simpósio internacional no Recife

Mariana Fabrício
mariana.fabricio@diariodepernambuco..com.br

Publicação: 14/10/2017 03:00

O Recife vai sediar nos dias 20, 21 e 22 deste mês, das 9h às 21h,  o 5º Simpósio Internacional de Saúde Quântica. Com palestras, workshops, um SPA aberto ao público e uma feira de produtos e serviços, o evento reunirá no Classic Hall profissionais de diversas áreas que tratam o corpo e a mente utilizando métodos naturais. Um dos palestrantes será o professor e pesquisador em saúde quântica e idealizador do Simpósio, Wallace Liimaa. Natural de Serra Talhada, ele é hoje referência na área da medicina quântica. Nesta entrevista, explica de que maneira os conceitos de áreas como neurociência e epigenética podem ser aplicados em atividades cotidianas para prevenir e até mesmo curar doenças do corpo e da mente, como câncer, diabetes e depressão.

O conceito de saúde quântica se difere da medicina tradicional. Em que esse modelo está baseado?
O objetivo da saúde quântica é empoderar as pessoas a cuidarem melhor de si, assumir a responsabilidade por sua própria saúde adotando um estilo de vida que seja saudável, prevenindo doenças e promovendo saúde no dia a dia. Acredito que até mesmo a doença pode ser uma oportunidade para que nos conheçamos melhor e cuidemos melhor de nós. A saúde quântica tem como base os conhecimentos da física moderna, que envolvem as teorias quântica e relativista, e traz o conceito de que vivemos em um universo onde tudo é energia. Em 1900, Max Planck mostrou que tudo no universo tem uma frequência que está relacionada a uma vibração. Então, tudo que existe é energia e toda energia tem vibração, assim como uma corda de violão. A vibração está associada à frequência, da mesma forma que cada célula e órgão do nosso corpo têm frequências específicas associadas aos estados de saúde e doença. Então, o alimento que a gente come também tem estado energético e vibracional associado a uma condição de saúde e de doença.

De que maneira é possível aplicar os conceitos de saúde quântica no dia a dia?

Algumas práticas simples podem fortalecer o sistema imunológico, como tomar de 20 a 30 minutos de banho de sol diariamente e ingerir suco de limão em jejum. E outras questões que envolvem também praticar meditação, expressar mais a gratidão, reclamar menos e exercitar a generosidade aumentam o nível de dopamina e serotonina no corpo. Outra coisa é condicionar o corpo a produzir endorfina através do exercício físico, que diminui o processo de dor e aumenta o bem- estar. Isso tudo promove uma genética de saúde. Hoje em dia, pela praticidade, é muito mais fácil consumir produtos alimentícios do que alimentos de verdade. O consumo de agrotóxicos e industrializados faz com que cada geração nasça com o sistema imunológico mais frágil do que a geração anterior. Então, é preciso ter uma educação específica para as famílias na atenção básica de saúde e nas escolas sobre a importância da alimentação, podendo reduzir o número de doenças e influenciando no futuro das crianças.

Segundo a saúde quântica, não somos reféns da genética. Você diria que é possível “reprogramar” nosso corpo prevenindo determinadas dores ou doenças?
A nossa genética é a biblioteca da vida. Todas as nossas doenças e padrões de saúde estão lá e, quando você está vibrando em um padrão negativo, é como se fosse abrir um livro nessa biblioteca que está associado à negatividade. A partir daí o corpo começa a fabricar proteínas específicas associadas àquele padrão. Se estamos em um padrão de negatividade e maus hábitos estaremos produzindo proteínas doentes e o corpo responde adoencendo. No entanto, se há compreensão e conseguimos mudar nosso estilo de vida e a forma de pensar, levamos novas informações para dentro das nossas células. Nessa mesma biblioteca, podemos sair da sessão da doença e ir para a do bem- estar, da saúde, ativando a produção de proteínas saudáveis que vão contribuir para cicatrização de uma ferida crônica. E assim é possível mudar padrões de doenças que já estão por gerações dentro das famílias. Se acreditava que as doenças eram genéticas porque se repetiam muito na família, mas o que se repete são os hábitos alimentares, os padrões, o estilo de vida e até a forma de pensar.

Então, a cura também pode surgir a partir do modo como pensamos?
Tem uma área da ciência chamada de epigenética que comprova que, quando nós pensamos, atribuímos um significado e o nosso corpo se comporta representando aquele pensamento. Daí o sentimento e a emoção que despertam no momento em que estamos pensando. Então, se estamos com raiva, liberamos neurotransmissores que são a química da raiva e o corpo começa a se comportar dessa forma para ser coerente com o pensamento. Na epigenética, é possível entender que as crenças programam nossa biologia. Então, se mudamos a estrutura de crenças limitantes, negativas, contribuímos para ativar uma genética saudável. Nosso cérebro funciona como músculo. Então, pode ser treinado. Se repetirmos uma programação positiva para fortaceler determinadas redes neurais condicionando o corpo para um padrão positivo, mudando hábitos, estamos contribuindo para inibir um padrão negativo em um processo chamado de metilação, como se o gene negativo fosse encoberto.

Então, o pensamento negativo interfere na maneira com que o corpo vai reagir às doenças?
Pensar negativamente de forma rotineira deixa a pessoa mais suscetível a doenças. Quem processa muita negatividade tende a fragilizar o sistema imunológico. Tem uma área da medicina chamada psiconeuroimunologia que mostra claramente a conexão entre nossos pensamentos e os sistemas imunológico, endócrino e nervoso. A inteligência emocional mostra a necessidade de termos uma melhor relação com nós mesmos porque as emoções mal processadas, como a raiva, a dificuldade de perdoar, a falta de gratidão também fragilizam o sistema imunológico. É mais fácil a pessoa que vive nesse padrão adoecer do que uma pessoa otimista, que olha mais para soluções do que para os problemas, que vê mais oportunidades nas dificuldades. Quem é otimista vive 11 anos a mais do que os pessimistas porque esses afetam a saúde do coração, do cérebro e do corpo de um modo geral. É como diz aquele ditado antigo, quem tem a mente sã terá um corpo saudável.

Desde que aderiu às técnicas quânticas você já está há 30 anos sem tomar medicamento químico. Como faz para substituir essas substâncias?
Desde a infância eu tomava muitos medicamentos. Nasci com problemas respiratórios e aos 10 anos tirei as amígdalas. Tinha alergias, asma e adoecia com frequência por ter o sistema imunológico muito frágil até o início da minha vida adulta. Quando descobri a homeoterapia, percebi que realmente funcionava e senti a potência de um tratamento natural. Anos depois vim ter gastrite porque era muito ansioso. Foi aí que descobri a iridologia, que é uma técnica de diagnóstico feita através da íris dos olhos. Nessa época, estava sobrecarregado e me sentindo muito cansado. Desde então, mudei minha alimentação radicalmente me tornando vegetariano por alguns meses, cortando produtos refinados e me curei à medida em que meu padrão mental mudou. Notei nesse período que minha ansiedade diminuiu e pude sentir na pele o que diz o pai da medicina, Hipócrates: “Faça do alimento seu remédio”. Através desses conhecimentos, eu descobri que se hoje minha cabeça começa a doer eu preciso parar, fazer meditação, usar técnicas de respiração e procuro identificar o que está por trás desse sintoma. Geralmente, a enxaqueca está associada a preocupação e conflitos internos. Então, se eu sentir alguma coisa, eu mudo o padrão que estou seguindo tendo 100% de controle.

Quais dessas técnicas que fazem parte da saúde quântica serão demonstradas no Simpósio?
Uma das técnicas que serão apresentadas é a acupuntura emocional, chamada de Emotional Freedom Techniques (EFT). Sem o uso de agulhas, é possível limpar memórias emocionais negativas para dar espaço a uma programação positiva identificando sintomas e libertando emoções que afligem e provocam doenças. Porque quando acontece isso, a nossa imunidade cai e muitas vezes só é tratado o corpo com remédios químicos que provocam efeitos colaterais. Essa é a grande diferença da medicina quântica, porque o foco é descobrir a causa de doenças ajudando as pessoas a se libertarem e mudando padrões. Algumas técnicas necessitam de um profissional e outras são aprendidas e executadas de forma individual. Mas as pessoas não têm muito conhecimento. Aqui no Recife tem duas unidades que fazem atendimento de Práticas Integrativas, mas falta divulgação. O Simpósio é uma oportunidade de reunir profissionais daqui e de fora para debater e ensinar um pouco mais sobre esse assunto.

Como a medicina complementar se diferencia da tradicional no atendimento às pessoas?

A saúde quântica busca investigar o estado da pessoa. O foco não é na doença, mas sim na saúde. Hoje temos um modelo de medicina que é voltado para a doença. Você vai para o médico, identifica a doença e toma medicamento. Então, esse modelo não previne, nem estimula as pessoas a promoverem sua saúde no dia a dia. A lógica da saúde quântica é de que a doença é apenas um sinal, uma denúncia de que algo precisa ser olhado, investigado. Então, vamos ver todas as dimensões do ser humano investigando todas as dimensões da realidade. Quando se faz uma consulta dentro da lógica da medicina quântica serão vistas a qualidade da nutrição da pessoa, se faz uso de medicamentos químicos, como é feito o gerenciamento das emoções e questões que dizem respeito aos pensamentos que a pessoa tem.

Em comparação à saúde complementar, no modelo de atendimento da saúde básica, os pacientes se tornam mais dependentes do que protagonistas para cuidar da sua própria saúde?
Na medicina alopática as pessoas se tornam eternamente dependentes e nunca vão sair daquele ciclo. Se chegar com uma doença crônica, por exemplo, o médico vai dizer que é necessário tomar determiado remédio para a vida toda. Os medicamentos químicos não são compatíveis com nosso corpo, geram toxinas e tendem a provocar outras doenças que a pessoa não tinha. Então, não há cura. Esse método só vai manter a pessoa no mesmo processo de doença e intoxicando ainda mais o corpo. A lógica da medicina quântica é identificar o padrão e promover o empoderamento. Sabemos que a alopatia tem sua importância em situações agudas e pode salvar uma pessoa. Mas também é possível atuar de forma emergencial utilizando uma agulha de acupuntura. Então, a saúde pública abriu as portas para as práticas integrativas exatamente por reconhecer que esse modelo da medicalização não funciona, é caro e insustentável, já que ninguém se cura. Cada vez mais constróem hospitais, abrem mais farmácias. Se fosse um modelo eficiente, estariam diminuindo esse número. Não há uma educação para a prevenção e promoção da saúde, mas apenas uma lógica para combater os sintomas. Nesse combate as pessoas continuam doentes sem mudar seus hábitos.