Tudo isso é tapioca
Chefs pernambucanos utilizam a goma extraída da mandioca em outros preparos além da receita tradicional
Marina Simões
marinasimoes@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 15/10/2016 03:00
![]() | |
Variações: Dadinhos de tapioca (E) são uma das formas de usar alimento pela cozinheira Karla Portella. Ripe Café (D) aposta na crepioca dentro do seu cardápio funcional |
Receita típica da gastronomia regional, a tapioca é presença marcante no cardápio pernambucano. A iguaria de origem indígena pode ser consumida no café da manhã, em lanches e no jantar. Servida do litoral ao Sertão, em barracas de rua, restaurantes, cafés e tapiocarias, o prato ganhou versões incrementadas com recheios variados e possibilidades de combinar com qualquer ingrediente. A massa, extraída das raízes da mandioca, também pode ser utilizada em outros preparos que vão além do convencional. “A goma é um ingrediente muito versátil, e o grande trunfo é ser uma farinha refinada e livre de glúten”, explica a nutricionista consultora do Ripe Café (Espinheiro), Débora Wagner. O menu da casa tem uma seção exclusiva para receitas funcionais. Uma das preferidas, a queridinha do momento, é a crepioca. “Virou uma febre de consumo. É um tipo de panqueca, muito prática, e alternativa em substituição ao pão”, sugere a nutricionista.
Além da Crepioca caprese (R$ 12) – queijo cottage, tomate e manjericão frescos, eles ainda oferecem o bolo de especiarias e café (R$ 11) e cookies de aveia (R$ 10), ambos preparados com um mix de farinhas sem glúten (farinha de arroz, farinha de grão de bico e de milho), incluindo a goma de tapioca. “É preciso ter o cuidado para o crescimento da massa. A falta do glúten limita a elasticidade, e a goma pode deixar a receita mais ressecada. É necessário testar e adicionar outros insumos para ter o resultado ideal”, alerta Débora.
“Além da vantagem de ser livre de glúten, o sabor permite inúmeras combinações, podendo ser usada para doces ou salgados”, acrescenta a chef Karyna Maranhão, que elabora as receitas do Cake & Bake (Boa Viagem). Na casa, ela oferece o Bolo de tapioca com coco ralado.
![]() | |
Castelus tem "bobó" de camarão (E) com a massa de mandioca. Ombrelone oferece bolinho de tapioca com coco queimado (D) |
O Bistrô Funcional, localizado na Santè, em Boa Viagem, também possui cardápio voltado para a alimentação saudável e tem a crepioca como um dos carros-chefes. Os preços variam entre R$ 8 a R$ 14,90, a depender do recheio (frango, carne desfiada, queijo e legumes). “Nossa proporção é usar um ovo para cada colher de massa e os recheios podem variar de acordo com a preferência. Também adiciono chia e quinoa para trazer mais fibras”, explica a chef em gastronomia funcional Lucinda Oliveira. A de frango, requeijão, cebola e alho poró acompanha minissalada e substitui facilmente uma refeição. Até o fim do mês, será lançada nova sobremesa, o Grand gateau (R$ 23,90) – creme de tapioca com picolé de fruta, morangos, calda de cacau e castanhas.
A goma hidratada também é ingrediente principal da sobremesa do Altar Cozinha Ancestral (Santo Amaro). A Punhetinha da Nêga (R$ 14,80) - quarteto de bolinhos de tapioca fritos e coco, lambuzados no brigadeiro branco, é criação da chef Carmem Virgínia.
A partir do sucesso na venda de tapiocas na Rua Sá e Souza, em Setúbal, a cozinheira Karla Portella, apostou na iguaria e abriu a tapiocaria Ombrelone, no Pina. Além dos mais de 20 sabores, a casa serve pratos de bistrô e petiscos para happy hour que levam a goma da tapioca no preparo. A exemplo dos dadinhos de tapioca (R$ 15) – acompanha molho doce de leite, catupiry ou geleia de pimenta vermelha, e a sobremesa da casa, os bolinhos de tapiocas (R$ 10) inspirados na tradicional tapioca japonesa. “É um creme que fica na textura de mousse, feito com as pérolas de tapioca hidratada, leite condensado e coco”, explica Karla. O recheio varia, e pode ser de passa de caju e coco queimado, o de leite condensado com coco branco, e ainda, doce de goiaba com vinho, cream cheese e farofa de bacon.
O Castelus, restaurante nas dependências do Instituto Ricardo Brennand (Várzea), serve a Tapimaki (R$ 25) - massa de tapioca em formato de cone, recheado com creme de coalho e crispy de charque. “Mesclamos a culinária pernambucana com outras culturas. Neste prato, a charque é refogada junto com camarão e a massa modelada para remeter a alga. Ela fica bem fininha e crocante”, explica o chef Abdo Vila Nova. “A goma é uma aliada na cozinha, principalmente na busca por produtos sem glúten. Ela pode ser usada para dar densidade e consistência na receita, além de incorporar massas e bolos”, explica o profissional que usa a massa para espessar o caldo do camarão Mandi (R$ 130 - acompanha arroz e macaxeira frita), uma espécie de bobó de camarão.
Serviço
Altar Cozinha Ancestral
Rua Francisco Jacinto, 368, Santo Amaro. Telefone: 99800-1090
Bistrô Funcional
Av. Fernando Simões Barbosa, 266, Boa Viagem.
Telefone: 99812-6794
Cake & Bake
Av. Conselheiro Aguiar, 2775, Boa Viagem.
Informações: 3039-3330
Castelus Restaurante
Alameda Antônio Brennand, s/n, Várzea.
Telefone: 3465-9922
Ombrelone
Rua Estudante Jeremias Bastos, 321, Pina.
Telefone: 99229-4151
Ripe Café
Rua da Hora, 722, Espinheiro. Telefone: (81) 3877-3458