Pavio mais curto no mundo Extremistas atacam Jacarta. Atentado assemelha-se à ação em Paris, com homens-bomba

Publicação: 15/01/2016 03:00

Polícia indonésia persegue suspeitos, mas Estado Islâmico repete estratégia e se orgulha de novas mortes (BAY ISMOYO / AFP)
Polícia indonésia persegue suspeitos, mas Estado Islâmico repete estratégia e se orgulha de novas mortes
Eram 10h49 (1h49 em Brasília) quando o contador Rifqi Muslimin Muntari, 25 anos, escutou a primeira explosão. Um extremista suicida acionou a bomba diante da cafeteria Starbucks, no bairro de Thamrin, no coração de Jacarta, próximo à Embaixada dos Estados Unidos e aos escritórios da Organização das Nações Unidas (ONU). “Foi algo assustador. Estávamos andando, a caminho do almoço no shopping center Sarinah. Os seguranças de um prédio pediram que fôssemos até o porão. Eu ouvi a troca de tiros entre os terroristas e a polícia, antes de uma segunda explosão”, contou Rifqi ao Correio Braziliense/Diario. Durante 30 minutos, um comando de extremistas semeou o horror na capital da Indonésia, explodiu cinco bombas, matou civis – um indonésio e um canadense – e feriu 20 pessoas, entre elas cinco policiais.

Um argelino e um holandês ficaram feridos, o último deles em estado grave. As autoridades encontraram cinco explosivos não detonados, duas pistolas, granadas, detonadores e uma faca de caça. “Pelo que vimos hoje, trata-se de um grupo que segue o exemplo dos atentados de Paris (em 13 de novembro passado)”, admitiu o porta-voz da polícia da Indonésia, Anton Charliyan. Nos dois ataques, foram usados homens-bomba e atiradores.

Por meio de um comunicado, o Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria do atentado simultâneo – o primeiro a atingir Jacarta desde explosões a hotéis, em 2009. “Um grupo de soldados do califado na Indonésia alvejou uma concentração da aliança cruzada que combate o EI em Jacarta, ao plantar vários explosivos que foram detonados, enquanto quatro dos soldados atacaram com armas leves e cinturões de explosivos”, afirmou a facção. O chefe da polícia de Jacarta, Tito Karnavian, acusou o indonésio Bahrum Naim de ser o cérebro do ataque. As autoridades tomaram conhecimento dele em 2010, um ano antes de ele ser detido por posse ilegal de armas. No ano passado, Naim viajou para a Síria, a fim de integrar a linha de frente do EI.

Logo depois da primeira explosão, dois militantes islâmicos fizeram reféns um canadense e um argelino. Eles dispararam contra civis, arrastaram os estrangeiros até um estacionamento e atiraram neles – o canadense acabou executado. Confrontados pela polícia, responderam com duas granadas. A bordo de uma motocicleta, dois outros extremistas se explodiram diante de um posto da polícia. Os corpos ficaram estendidos no meio da rua.

Representações diplomáticas baseadas na capital indonésia emitiram alertas de viagens ao país e recomendações a embaixadas, entre elas as dos EUA, do Reino Unido, da Dinamarca, do Canadá e da Austrália. Houve uma repulsa mundial ao atentado.