MPF cobra dados sobre os crimes citados por Damares A senadora eleita afirmou, durante culto em Goiânia, que quando ministra descobriu crimes sexuais envolvendo crianças traficadas na Ilha de Marajó

Publicação: 11/10/2022 05:40

Após a ex-ministra do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos Damares Alves declarar a descoberta de supostos crimes sexuais cometidos contra crianças traficadas da Ilha do Marajó (PA) quando estava à frente da pasta, o Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) cobrou informações do Ministério da Mulher sobre as infrações e as ações feitas para combatê-las.

Em um culto da Igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, no último sábado, Damares utilizou uma fala emocionada baseada na defesa das crianças, na qual afirmou ter descoberto que “crianças brasileiras, de três, quatro anos, que quando cruzam as fronteiras sequestradas, os seus dentinhos são arrancados, para elas não morderem no sexo oral” e que só “comem comida pastosa para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”.

Damares afirmou que diante do “horror” vivido contra as crianças, Bolsonaro se levantou para protegê-las e, por isso, vive “uma guerra espiritual” para ganhar as eleições deste ano. As declarações não foram embasadas por provas e o assunto não havia sido comunicado, até então, pela pasta por meio oficiais. Em ofício encaminhado à secretária executiva do Ministério das Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Tatiana Barbosa de Alvarenga, o MPF solicitou informações sobre os casos “indicando todos os detalhes que a pasta possua, para que sejam tomadas as providências cabíveis”. O órgão pediu para a pasta elencar as providências tomadas ao descobrir os casos e se houve denúncia à polícia ou ao Ministério Público.

A reportagem também questionou a pasta sobre a existência dos casos e as ações tomadas, mas não obteve resposta. O mesmo questionamento foi feito para a Polícia Federal do Pará, também sem resposta.

Damares convocou os fiéis a fazerem um movimento no Whatsapp e falar para conhecidos apoiarem Bolsonaro para vencer a guerra. “Eu sei que essa igreja é apaixonada por crianças. Irmãos, pelas crianças, precisamos nos levantar. Vocês tem que sair daqui hoje, pegar o Whatsapp, todo mundo tem um parente fora, Goiás já deu uma votação expressa a Bolsonaro, mas o papel de vocês não se limita ao Goiás. Falem com os parentes fora de goiás, falem com todo mundo. Orem. É guerra”, concluiu. (Talita de Souza, do Correio Braziliense)