O trunfo da magia Disney reconta a história de A bela adormecida sob o ponto de vista da feiticeira em Malévola. Efeitos visuais roubam a cena

Júlio Cavani
juliocavani.pe@dabr.com.br

Publicação: 29/05/2014 03:00

Angelina Jolie vive a bruxa, com visual inspirado no desenho animado de 1956 (DISNEY/DIVULGAÇÃO)
Angelina Jolie vive a bruxa, com visual inspirado no desenho animado de 1956

Ao procurar complexificar e reinventar a história de A bela adormecida, o filme Malévola consegue manter a essência dos contos de fadas e garante a diversão em um espetáculo cinematográfico para todas as idades, com direito a cenas de ação explosivas e quantidade elevada de efeitos especiais digitais. Influências contemporâneas, como O senhor dos anéis e Avatar, são combinadas com as novas tendências politicamente corretas já consolidadas por Frozen e Valente, onde a lógica do “príncipe encantado” é desconstruída.

Apesar do nome, Malévola não é malvada. Ela é mais fada do que bruxa. O filme justifica as motivações que fizeram a personagem amaldiçoar a filha do rei. Seus momentos de fúria têm fundamentação em um passado anterior aos acontecimentos descritos no desenho animado da Disney, de 1959. Os desdobramentos da história também ganham novos rumos.

Angelina Jolie interpreta Malévola, com o visual inspirado na feiticeira da animação (o novo filme também é da Disney). Ela usa chifres na cabeça, asas nas costas e tem as maçãs do rosto alteradas pela maquiagem. Elle Fanning assume o papel de Aurora, uma princesa extremamente passiva e ingênua. Apesar de todo o marketing, o figurino é menos impactante do que o de Branca de Neve e o caçador (2012).

Malévola é a estreia de Robert Tromberg na direção. Ele só havia trabalhado como técnico de efeitos especiais e desenhista de produção. Isso explica a ênfase maior no visual pirotécnico do que nos aspectos dramáticos.

O roteiro é cheio de pequenas incoerências, que não devem incomodar o entretenimento, mas demonstram falta de criatividade. A feiticeira, por exemplo, comanda todas as criaturas mágicas, mas surgem três fadinhas que inexplicavelmente estão do lado dos humanos para cuidarem da princesa. Quando Aurora é amaldiçoada, o rei a envia para um lugar isolado na floresta, só que o esconderijo é facilmente acessado por Malévola e perde o sentido sem maiores explicações. Além disso, as cenas de ação são cheias de soluções que podem fazer o espectador questionar: “Por que ela não usou essa magia antes?” (apelação típica de Hollywood). O tema final é uma versão de Lana Del Rey para a canção do desenho A bela adormecida.

 (DISNEY/DIVULGAÇÃO)

Fábulas remix


Malévola faz parte de um novo modismo de contos de fadas clássicos adaptados para o cinema. O próximo lançamento é Cinderela (2015, foto), também produzido pela Disney, com Cate Blanchett (a madrasta malvada), Helena Bonham-Carter (a fada-madrinha) e Lily James (a gata borralheira) no elenco. A direção será de Kenneth Brannagh, que deve garantir um tom dramático mais equilibrado por causa de sua ligação com a obra de Shakespeare.

Chapeuzinho vermelho
A garota da capa vermelha (2010), com Amanda Seyfried, recria a personagem com sensualidade e elementos sombrios de suspense.

Branca de Neve
A princesa ganhou três versões em 2012: Espelho, espelho meu (foto), Branca de Neve e o caçador  e o espanhol Branca de Neve.

João e o pé de feijão
O diretor Bryan Singer (X-Men) criou um épico cheio de efeitos especiais e cenas de ação em Jack, o caçador de gigantes (2013).

João e Maria
Os dois irmãozinhos viraram adultos e enfrentam bruxas-zumbis em um filme cheio de batalhas na floresta, de 2013.