O berço da palavra

Márcio Cotrim

Publicação: 02/05/2016 03:00

Cozinha o galo

Falemos do animal, o galo. Seu berço se encontra no latim gallu, ave de bico pequeno, crista carnuda e asas curtas. Como gíria, sobretudo carioca – no jogo do bicho –, ele designava a antiga nota de cinquenta cruzeiros. Também é conhecido e até festejado como galo de briga ou rinha, assim fazendo parte da raça dos galos de combate.

Quando se considera vitorioso, canta de galo, mas também significa matar o tempo. No futebol, é fazer cera, estado de marasmo. É falta de ânimo para cumprir determinada tarefa que lhe foi encomendada, irritando quem a solicitou.
Em termos culinários, deve ser cozinhado por muito tempo para amaciar-lhe a carne, que é dura, fibrosa e de difícil digestão.

Nada simpático esse galo, embora seja ele que nos faz despertar para um novo dia, talvez cheio de alegrias.

Condimento
É a substância (erva, legume, especiaria, sal, pimenta, etc.) acrescentada a um alimento (antes, durante ou após o seu preparo ou sua degustação), para emprestar-lhe sabor, aroma ou realçar o paladar. A maioria desses ingredientes tem como origem as regiões do Oriente, Europa e Américas. Segundo o Marquês de Maricá, a vaidade é o grande condimento da felicidade humana...

Manacá
Árvore da família solanaceae com berço na Mata Atlântica, no Brasil. Possui folhas pequenas e permanentes, de crescimento que pode atingir cerca de 3 metros de altura com 2 metros de diâmetro de copa arredondada. A floração ocorre entre setembro e março e produz flores brancas e lilases, muito utilizadas como ornamento, beleza e perfume. Sua delicadeza natural inspirou o compositor Herivelto Martins a escrever a melodia Pé de Manacá, cantada por Isaurinha Garcia: “Lá de trás daquele morro / tem um pé de manacá / nóis vamo casá e vamo pra lá / cê qué / cé qué // eu quero ti levá / eu quero te agradá / eu quero me casá e te levá pra lá / cê vai, cê vai // eu panho toda frô / do pé de manacá / e faço uma coroa / para te enfeitá / cê qué, cê qué”?. Que amor!

Sasha
Diminutivo feminino ou masculino de pronomes russos de origem remota grega. Em grego aléksandros quer dizer defensor dos homens. Ouviu bem, Xuxa Meneghel?

Cafajeste
Termo criado pelos estudantes da Universidade de Coimbra, que caiu em desuso em Portugal e foi trazido para a Faculdade de Direito de Olinda por alguns rapazes. Joaquim Nabuco, em sua obra “Um Estadista do Império” caracterizava o indivíduo que, sem ser estudante, queria infiltrar-se nas rodas universitárias como um desclassificado ou penetra. Filólogos portugueses o dão como brasileirismo. Antenor Nascentes diz que talvez seja criação arbitrária da gíria estudantil. A palavra se difundiu na década dos anos 50, com um grupo de moços ricos e boêmios do turbulento Clube dos Cafajestes, no Rio de Janeiro, que teve como ardoroso presidente o industrial e milionário paulista Baby Pignatari. Cafajestada é ato de cafajestes ou multidão destes elementos. Maioriozinho de Oliveira se celebrizou entre seus companheiros de agremiação por estripulias que marcaram época na vida carioca, escandalizando famílias e gente desavisada.